Nestlé anuncia corte de 16 mil empregos em reestruturação global após queda nas vendas
Novo presidente-executivo, Philipp Navratil, diz que empresa precisa agir “com mais rapidez” diante de transformações globais
A multinacional suíça Nestlé anunciou nesta quinta-feira (16) um amplo plano de reestruturação, que inclui o corte de 16 mil postos de trabalho em todo o mundo. A medida foi divulgada junto ao balanço financeiro dos primeiros nove meses de 2025, período em que a companhia registrou queda de 1,9% nas vendas e receita de 65,9 bilhões de francos suíços — o equivalente a US$ 83 bilhões ou R$ 452 bilhões.
Plano de cortes e economia bilionária
Segundo o comunicado, 12 mil cargos administrativos serão extintos em diferentes países e áreas de atuação. Outros 4 mil postos serão encerrados em setores produtivos e na cadeia de suprimentos, dentro de um processo já iniciado para tornar as operações mais ágeis e competitivas.
A companhia estima que o enxugamento permitirá uma economia anual de 1 bilhão de francos suíços até 2027, o dobro do valor inicialmente projetado. A reestruturação ocorre em meio a mudanças significativas na alta liderança e reflete a tentativa de enfrentar desafios globais no consumo e na produção.
Novo comando e desafios estratégicos
O presidente-executivo Philipp Navratil, que assumiu o cargo em setembro de 2025, após mais de 20 anos de carreira na Nestlé, afirmou que a empresa precisa se adaptar com mais rapidez às transformações do mercado mundial.
“O mundo está mudando e a Nestlé precisa se adaptar com mais agilidade, o que exigirá decisões difíceis, porém necessárias, para reduzir o quadro de funcionários”, declarou Navratil em nota divulgada à France Presse.
Navratil sucedeu o francês Laurent Freixe, que comandava a companhia até maio e foi demitido após investigações internas sobre um relacionamento com uma funcionária subordinada.
Crise ética e mudança de comando
A saída de Freixe ocorreu após o conselho de administração receber uma denúncia sobre o relacionamento. Uma primeira apuração foi conduzida internamente, mas o caso foi confirmado em uma segunda investigação liderada pelo presidente do conselho, Paul Bulcke, com apoio de consultores jurídicos externos.
O relatório concluiu que o ex-CEO violou o Código de Conduta da empresa, que proíbe relações hierárquicas entre funcionários para evitar conflitos de interesse. A funcionária envolvida, integrante da equipe de marketing, teria sido promovida a vice-presidente de marketing para as Américas cerca de um ano e meio após o início do relacionamento, segundo reportagens da imprensa suíça.
O episódio gerou debate na Suíça sobre ética corporativa e limites entre vida pessoal e ambiente profissional, reacendendo críticas sobre transparência e governança nas grandes corporações.
Mudanças na presidência do conselho
O próprio Paul Bulcke, que liderou o conselho de administração da Nestlé durante a crise, anunciou sua saída como parte do processo de renovação do comando da companhia. A transição deve ser concluída até o primeiro trimestre de 2026, acompanhando a implementação do plano de reestruturação.
Contexto financeiro e perspectivas
A Nestlé, que atua em mais de 180 países e emprega cerca de 270 mil pessoas, enfrenta queda nas margens de lucro devido ao aumento dos custos de matérias-primas e energia, além da redução no consumo global de produtos industrializados.
A empresa aposta em digitalização, automação e foco em sustentabilidade para recuperar competitividade e ampliar o portfólio de produtos saudáveis. Apesar do corte expressivo de empregos, a Nestlé afirmou que o plano é essencial para “garantir a eficiência operacional e preservar a capacidade de inovação a longo prazo”.
folhadestra
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