18/10/2025

EM REESTRUTURAÇÃO GLOBAL APÓS QUEDA NAS VENDAS NESTLÉ ANUNCIA CORTE DE 16 MIL EMPREGOS

Nestlé anuncia corte de 16 mil empregos em reestruturação global após queda nas vendas

Novo presidente-executivo, Philipp Navratil, diz que empresa precisa agir “com mais rapidez” diante de transformações globais

A multinacional suíça Nestlé anunciou nesta quinta-feira (16) um amplo plano de reestruturação, que inclui o corte de 16 mil postos de trabalho em todo o mundo. A medida foi divulgada junto ao balanço financeiro dos primeiros nove meses de 2025, período em que a companhia registrou queda de 1,9% nas vendas e receita de 65,9 bilhões de francos suíços — o equivalente a US$ 83 bilhões ou R$ 452 bilhões.

Plano de cortes e economia bilionária

Segundo o comunicado, 12 mil cargos administrativos serão extintos em diferentes países e áreas de atuação. Outros 4 mil postos serão encerrados em setores produtivos e na cadeia de suprimentos, dentro de um processo já iniciado para tornar as operações mais ágeis e competitivas.

A companhia estima que o enxugamento permitirá uma economia anual de 1 bilhão de francos suíços até 2027, o dobro do valor inicialmente projetado. A reestruturação ocorre em meio a mudanças significativas na alta liderança e reflete a tentativa de enfrentar desafios globais no consumo e na produção.

Novo comando e desafios estratégicos

O presidente-executivo Philipp Navratil, que assumiu o cargo em setembro de 2025, após mais de 20 anos de carreira na Nestlé, afirmou que a empresa precisa se adaptar com mais rapidez às transformações do mercado mundial.

“O mundo está mudando e a Nestlé precisa se adaptar com mais agilidade, o que exigirá decisões difíceis, porém necessárias, para reduzir o quadro de funcionários”, declarou Navratil em nota divulgada à France Presse.

Navratil sucedeu o francês Laurent Freixe, que comandava a companhia até maio e foi demitido após investigações internas sobre um relacionamento com uma funcionária subordinada.

Crise ética e mudança de comando

A saída de Freixe ocorreu após o conselho de administração receber uma denúncia sobre o relacionamento. Uma primeira apuração foi conduzida internamente, mas o caso foi confirmado em uma segunda investigação liderada pelo presidente do conselho, Paul Bulcke, com apoio de consultores jurídicos externos.

O relatório concluiu que o ex-CEO violou o Código de Conduta da empresa, que proíbe relações hierárquicas entre funcionários para evitar conflitos de interesse. A funcionária envolvida, integrante da equipe de marketing, teria sido promovida a vice-presidente de marketing para as Américas cerca de um ano e meio após o início do relacionamento, segundo reportagens da imprensa suíça.

O episódio gerou debate na Suíça sobre ética corporativa e limites entre vida pessoal e ambiente profissional, reacendendo críticas sobre transparência e governança nas grandes corporações.

Mudanças na presidência do conselho

O próprio Paul Bulcke, que liderou o conselho de administração da Nestlé durante a crise, anunciou sua saída como parte do processo de renovação do comando da companhia. A transição deve ser concluída até o primeiro trimestre de 2026, acompanhando a implementação do plano de reestruturação.
Contexto financeiro e perspectivas

A Nestlé, que atua em mais de 180 países e emprega cerca de 270 mil pessoas, enfrenta queda nas margens de lucro devido ao aumento dos custos de matérias-primas e energia, além da redução no consumo global de produtos industrializados.

A empresa aposta em digitalização, automação e foco em sustentabilidade para recuperar competitividade e ampliar o portfólio de produtos saudáveis. Apesar do corte expressivo de empregos, a Nestlé afirmou que o plano é essencial para “garantir a eficiência operacional e preservar a capacidade de inovação a longo prazo”.

folhadestra

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