Perícia aponta fraude em decisão de Moraes contra empresários
Senadores e deputados federais revelaram nesta terça-feira (9) que apresentarão aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) um laudo pericial que confirma fraude processual cometida por Alexandre de Moraes.
Assinado por dois peritos, o parecer aponta que a decisão usada por Moraes para justificar uma operação de busca e apreensão contra empresários apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro foi produzida apenas seis dias depois da ação, deflagrada em 23 de agosto de 2022.
A perícia solicitada pelo jornalista David Ágape analisou o documento atribuído ao delegado Fábio Alvarez Shor. Embora traga a data de 19 de agosto, servindo como base para a ordem determinada por Moraes em 23 daquele mês, os metadados revelam que o arquivo só foi efetivamente gerado em 29 de agosto, quando a operação já havia sido cumprida.
Os peritos também identificaram que o relatório não possui assinatura digital qualificada (ICP-Brasil). As duas rubricas de Shor inseridas no documento são graficamente idênticas e funcionam como imagens sobrepostas, caracterizando o que os especialistas chamam de transplante digital de assinatura.
– Trata-se de antedatação e ausência de autenticação inequívoca – conclui o laudo.
A operação de 23 de agosto teve como alvo nomes de peso do empresariado, entre eles Luciano Hang (Havan) e Meyer Nigri (Tecnisa). Na ocasião, houve bloqueio de perfis em redes sociais, apreensão de celulares e quebras de sigilo bancário. A medida foi deflagrada após uma reportagem do portal Metrópoles expor mensagens privadas do grupo de WhatsApp “Empresários & Política”.
O caso voltou a ganhar repercussão após audiência no Senado, em 2 de setembro, quando o ex-assessor de Moraes no TSE, Eduardo Tagliaferro, afirmou ter recebido ordens para confeccionar relatórios com data retroativa. Segundo ele, a pressão partiu do juiz instrutor Airton Vieira, braço-direito de Moraes, para “construir uma história” que desse aparência de legalidade às medidas contra empresários.
As declarações coincidem com os achados técnicos: o documento que deveria ter sustentado a operação do dia 23 só foi produzido em 29 de agosto.
O laudo foi elaborado pelos peritos Reginaldo e Jacqueline Tirotti, especialistas em perícia digital e documentoscopia, com décadas de experiência em análises para o Judiciário, Ministério Público e Polícia Federal. Ambos atuam justamente na detecção de fraudes em arquivos eletrônicos.
pleno.news
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