30/04/2021

NOSSO CONGRESSO NACIONAL É UM 'RABO CHEIO'

Em tempo de internet, Senado gastou R$ 64 mil com telegramas em 3 anos

Meio de comunicação obsoleto e que já caminha para extinção em vários países, o telegrama, no que depender dos membros do Senado Federal, parece que terá vida longa no Brasil. Levantamento mostra que ainda é grande a lista de parlamentares que despendem dinheiro público nesse formato de correspondência. Só em 2020, 27 dos 81 congressistas enviaram mensagens do tipo em pelo menos uma oportunidade.

Nos últimos três anos, os senadores gastaram R$ 63.953,93 com esse meio de comunicação.

Os números apontam que alguns parlamentares encerraram o ano passado com gasto médio de R$ 308 apenas com telegramas, mesmo com a Casa realizando sessões semipresenciais em função da pandemia de Covid-19.

É o caso do senador Acir Gurgacz (PDT-RO). Só no ano passado, o pedetista desembolsou R$ 3.705 com as mensagens. Sozinho, concentrou mais da metade de todo montante gasto pelos 81 congressistas durante os 12 meses de 2020. Entre os colegas da Casa, foi o único a fazer envios em todos os meses do ano passado.

Os valores são baixos se comparados com outras despesas parlamentares, como combustível, alimentação, telefonia e pessoal. No entanto, são gastos elevados para esse tipo de serviço – o preço unitário é de R$ 10,30, quantia cobrada pelos Correios para envio de telegrama fonado, com remetente no Distrito Federal.

Na prática, significa dizer que os R$ 3,7 mil despendidos por Gurgacz permitiram o envio de, pelo menos, 359 telegramas. Ou seja, em todo o ano passado, o senador encaminhou quase o equivalente a uma correspondência por dia.

O levantamento feito pela reportagem mostra, porém, que a ferramenta tem sido, gradualmente, abandonada pelos parlamentares. Uma forma de observar esse cenário é comparando as despesas anuais com os envios das mensagens.

Em 2018, o Senado gastou R$ 40.096,75 com telegramas. Um ano depois, o valor caiu pela metade, indo a R$ 18.120,18. Já em 2020, desembolsou o equivalente a R$ 5.737. Esse montante é, inclusive, inferior ao total registrado nos quatro últimos meses de 2017 (R$ 17.085,46) – época em que a Casa passou a divulgar os dados de despesas com as mensagens.

O Senado disponibiliza, em seu portal da transparência, dados sobre custos mensais de parlamentares entre setembro de 2017 e março de 2021. Conforme os números divulgados pela Casa, desde setembro de 2017, não houve um mês sequer em que Acir Gurgacz não enviasse ao menos um telegrama. São 3 anos e 7 meses gastando, em média, R$ 295 por mês com as correspondências, totalizando R$ 12.689,38.

A reportagem procurou a assessoria de imprensa do senador para comentar os gastos citados, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem. O espaço está aberto para manifestações.

Metrópoles

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