Golpe do falso advogado causa prejuízos milionários a clientes no RN; saiba como se proteger
O golpe do falso advogado tem causado prejuízos milionários a clientes em todo o Rio Grande do Norte. Os golpistas usam processos reais, dados corretos dos clientes e se passam por advogados - usando nome e fotos verdadeiras - para pedir pagamentos.
Os criminosos costumam informar aos clientes sobre uma causa ganha e pedem uma quantia para liberar o valor a ser recebido.
De acordo com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Rio Grande do Norte, 360 golpes desse tipo foram relatados na Ouvidoria do órgão de janeiro a 8 de dezembro de 2025 no estado. A OAB informou que orienta também que as vítimas registrem um Boletim de Ocorrência na Polícia Civil.
Segundo a OAB, as denúncias estão sendo apuradas pela Polícia Civil, através da Delegacia de Crimes Cibernéticos. O órgão também informou que toma medidas para combater os crimes e orienta advogados e clientes (veja detalhes mais abaixo).
O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte (TJRN) também disponibiliza uma cartilha dando dicas de como se proteger do golpe.
Apesar das medidas, os golpes permanecem acontecendo e, segundo advogados, de maneira recorrente.
"É recorrente, tanto com pessoas esclarecidas, como com pessoas que não tem tanto conhecimento. Isso nos coloca numa fragilidade muito grande, porque acaba que o cliente não entende que não somos nós que estamos pedindo", falou o advogado Ramon Meneses.
🔎 O que é o golpe do falso advogado? Segundo a OAB, o golpe do falso advogado acontece quando criminosos se passam por profissionais da área jurídica para enganar as vítimas e obter vantagens financeiras indevidas. Eles entram em contato por telefone, e-mail ou aplicativos de mensagens, utilizando nomes falsos ou até de advogados reais. Afirmam que existe um processo em andamento ou valores a receber, e solicitam depósitos para supostas custas ou taxas judiciais.
🔎 Esses golpistas utilizam documentos falsificados, linguagem técnica e estratégias de pressão emocional para convencer as vítimas a realizarem transferências. A prática tem crescido em todo o país e prejudica tanto a população quanto a imagem da advocacia.
Golpes milionários contra clientes
Em agosto deste ano, a Justiça do Rio Grande do Norte condenou um homem a 9 anos de prisão por aplicar golpes do falso advogado que causaram prejuízos de R$ 100 mil a três idosas - uma delas cega - entre 2023 e 2024.
Os casos, que começaram em anos anteriores, continuam. Nesta semana, uma jornalista, que vai ter o nome preservado, foi alvo dos criminosos. Os golpistas se passaram pelo advogado dela e, por um aplicativo de mensagens, informaram que ela havia ganho a causa, pedindo dados bancários e informando sobre uma ligação que ela receberia.
Ao perceber que se tratava de um golpe, a jornalista acionou o escritório do advogado, que informou que pelo menos oito casos haviam sido relatados de maneira semelhante em apenas dois dias.
O advogado Renan Meneses, por exemplo, contou que teve um cliente que chegou a perder R$ 16 mil em um golpe do falso advogado.
"Nós temos causas muito vultosas em que os clientes pensavam que iam receber mais de meio milhão de reais. Tivemos um cliente que perdeu R$ 16 mil em um golpe desse, porque ele pensou que ia receber R$ 290 mil, e aí precisava pagar R$ 16 mil de imposto", contou o advogado.
"Nosso escritório é vítima todos os dias de golpes do falso advogado, e isso demanda uma energia muito grande, porque eu tenho que parar a equipe todinha para falar com esses clientes, para dizer que isso é mentira, que não façam PIX", completou.
Na última semana, relatou o advogado, um outro cliente perdeu cerca de R$ 1,6 mil.
"Ele entrou em uma conversa de video, abriu o aplicativo do banco, mostrou aos caras. E fez o reconhecimento facial através de um link que eles mandaram", contou.
Acesso aos processos
Os advogados relatam ainda que os criminosos têm conseguido acessar os processos em sistemas internos da Justiça e conseguido os contatos dos clientes.
"Eles acessam os nossos processos no PJE [Processo Judicial Eletrônico] , sabe-se lá como, porque existe uma senha, existe um token, e existe agora um autenticador", contou o advogado Renan Meneses.
"Com a cópia desses processos, eles mandam para os clientes dizendo que esses clientes vão ser contemplados com o valor. Geralmente eles usam o valor da causa", completou, explicando que, por vezes, os criminosos usam inclusive a imagem dele ao lado de logos de bancos.
Desde o mês de novembro, um trabalho conjunto da OAB com o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte implantou uma autenticação de dois fatores para acesso de usuários externos do Processo Judicial Eletrônico (PJe).
A medida, segundo a OAB, faz parte de uma busca de soluções para dar mais segurança no acesso aos dados de processos. "Essa é uma forma de combater o uso de robôs no acesso aos processos", explicou o órgão.
A OAB informou ainda que, com objetivo de conscientizar a população, realiza campanha publicitária em rádio, outdoor, busdoor e redes sociais. Além disso, fez panfletagem em feiras livres de Goianinha e Canguaretama e o enviou de material gráfico para todas as 10 subseções.
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