Morte de Clezão completa 2 anos sem justiça à família: ‘Não temos resposta de nada’, diz viúva
A morte de Cleriston Pereira da Cunha, o Clezão, de 46 anos, dentro do presídio da Papuda, completa dois anos nesta quinta-feira, 20. A família ainda não tem esclarecimentos sobre a morte e tampouco qualquer reparação do Estado.
Clezão estava preso preventivamente pelos atos de 8 de janeiro. Embora tivesse sido denunciado, não havia sido julgado. Não há quaisquer provas, como reiteram sua defesa e a família, de que ele estivesse no protesto.
Além de insistentes pedidos da defesa feitos nos meses que antecederam a morte de Clezão, havia um parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR) de setembro (dois meses antes da morte) que opinava pela liberdade. O relator do caso, Alexandre de Moraes, jamais o analisou, assim como os pedidos da defesa.
Família espera resposta sobre morte de Clezão
A família espera uma resposta. “A gente não tem resposta de nada, mas eu creio na justiça de Deus”, disse a Oeste Edjane Duarte da Cunha, viúva de Clezão. “Criamos muita expectativa que algo seria feito, de que quem realmente cometeu esse crime — porque para mim foi um crime — iria pagar. Foi um crime porque a PGR deu parecer favorável à soltura do meu esposo e não tinha nada contra ele, ele não cometeu crime algum.”
Para ela, sem resposta do Estado, “é como se Clezão tivesse cometido o crime, tivesse pagado por aquilo que ele não cometeu”. Edjane disse que a família não é a mesma depois da injustiça sofrida. As filhas, de 21 e 24 anos, sofrem muito com a ausência do pai, que era o arrimo da família. “É muito injustiça, eu não sei medir o tamanho dessa dor.”
A viúva de Clezão também disse que nunca esperava passar por uma perda e injustiça como essa. “Nunca imaginei estar passando por isso. Nunca. Nunca”, declarou. “Porque a gente sempre agiu muito certinho com tudo, né? Então não se imaginava que poderia estar sofrendo, estar passando essa dor.”
A morte na Papuda
Clezão teve um mal súbito enquanto tomava banho de sol na Papuda. Seu estado de saúde era delicado e conhecido por Alexandre de Moraes, já que a defesa apresentou diversos laudos sobre a saúde dele nos meses no período em que ficou preso.
Nesses meses, Clezão emagreceu 20 quilos, comia pouco e chegou a usar cadeira de rodas na Papuda. O presídio não tinha equipamentos médicos capazes de atendê-lo, conforme um relatório da Defensoria Pública do Distrito Federal publicado com exclusividade por Oeste à época. Além disso, o resgate levou aproximadamente 40 minutos para chegar.
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