Rússia diz que vai ajudar Venezuela, mas cautela é a ordem
A recente pressão militar dos Estados Unidos sobre o regime de Nicolás Maduro reacendeu o debate sobre o papel da Rússia na crise venezuelana. Apesar de Caracas ter solicitado novas armas ao Kremlin, a resposta russa tem sido marcada por moderação. A porta-voz da chancelaria, Maria Zakharova, afirmou que Moscou está “pronto para ajudar” a Venezuela, mas ressaltou que qualquer escalada agravaria o conflito.
A prudência russa tem razões práticas. Desde o início da pandemia, o governo de Maduro deixou de honrar pagamentos por equipamentos militares comprados da Rússia. A inadimplência travou a manutenção de sistemas sofisticados e afastou a possibilidade de novos contratos vultosos. A ditadura comprou parte das armas mais recentes de fornecedores alternativos, como a China e o Irã, incluindo mísseis antinavio e sistemas de defesa de menor custo.
Fontes ligadas à Defesa em Moscou, ouvidas pelo jornal Folha de S.Paulo, afirmam que o fornecimento de armamentos de última geração, como o sistema Orechnik, é improvável. A avaliação é que a retórica de apoio serve mais à propaganda de poder do que a um plano concreto de rearmamento. Além disso, Vladimir Putin tenta preservar a margem diplomática com Donald Trump, evitando choques diretos que possam reabrir tensões típicas da Guerra Fria.
O histórico militar entre os dois países remonta aos anos 2000, quando Hugo Chávez firmou contratos bilionários com Moscou, elevando a Venezuela ao posto de maior compradora de armas russas na América Latina. A Rússia entregou caças, tanques, mísseis e sistemas antiaéreos, mas grande parte desse material enfrenta problemas de manutenção.
Equilíbrio estratégico no apoio à Venezuela
Embora a presença russa no Caribe tenha valor simbólico, o Kremlin tem mostrado preferência por limitar seu envolvimento. Em Moscou, prevalece a leitura de que apoiar Maduro de forma aberta traria poucos ganhos estratégicos e alto risco político. O pouso recente de um cargueiro russo em Caracas, que gerou rumores de novo envio de armas, foi interpretado como uma simples escala técnica.
Enquanto isso, os Estados Unidos mantêm operações navais sob o argumento de combater o narcotráfico. Nesta quinta-feira, 6, mais um ataque a embarcações na região elevou a tensão no Mar do Caribe, ampliando a incerteza sobre os próximos passos de Washington e Caracas.

Nenhum comentário:
Postar um comentário