20/07/2025

DIANTE DAS TARIFAS DE TRUMP SAIBA O QUE A OPOSIÇÃO DEVERIA FAZER

O que a oposição brasileira deveria fazer diante das tarifas de Trump

Depois que Donald Trump anunciou a imposição de tarifas de 50% sobre as exportações brasileiras para os Estados Unidos (EUA) como forma de retaliação pelas ações censoras praticadas no país, os processos ilegais (principalmente contra Jair Bolsonaro) e políticas comerciais consideradas lesivas aos norte-americanos (como as decisões do STF que afetam companhias de mídias sociais, uma agenda cara ao governo Trump), o assunto rapidamente se tornou o mais importante na agenda política do Brasil. Estamos recebendo uma ofensiva tarifária robusta do país mais poderoso de nosso hemisfério.

Aos fatos: a oposição brasileira vinha atuando nos EUA para denunciar, junto a integrantes do governo norte-americano e parlamentares do Partido Republicano, as ações autoritárias do Judiciário brasileiro, que implantou em nosso país, com a conivência do Executivo e de setores da grande imprensa e a omissão da Câmara dos Deputados e do Senado, um regime autoritário. Não me estenderei em argumentos para demonstrar esse ponto, já que isso vem permeando quase tudo quanto tenho dito sobre o cenário atual do país e precisamos avançar na reflexão, não estacionar. Essa realidade, a meu ver, já está exaustivamente demonstrada.

Enfrenta-se um regime autoritário aumentando o custo individual para a manutenção do sistema, o que significa atingir os interesses dos artífices do autoritarismo. Por isso, a oposição, além de denunciar internamente o que acontece — o que, infelizmente, segue sem persuadir nosso Legislativo a tomar uma atitude à altura de suas prerrogativas constitucionais —, vinha pedindo sanções individuais no exterior aos togados e demais responsáveis, mediante a aplicação, principalmente, do dispositivo da Lei Magnitsky.

Depois que Lula desafiou os EUA, coroando uma trajetória farta, nestes últimos dois anos e sete meses de governo, de perseguição aos holofotes como liderança antiocidental e anti-Israel, com a manifestação dos BRICS em pleno Rio de Janeiro defendendo o Irã e sua pregação contra a centralidade internacional do dólar, Trump decidiu sancionar o país inteiro. É uma decisão de política comercial que os EUA têm o direito de adotar. Não é o que a oposição estava pedindo. Ninguém pode lançar confetes ou fogos e organizar uma grande festa porque o Brasil está sendo “supertarifado”. Amo meu país, quero vê-lo rico, produtivo e saudável. No entanto, é intelectualmente desonesto não reconhecer que nossas autoridades “procuraram” muito por esse grave problema ao bradarem de maneira insistente e inconsequente para serem “encaixadas” numa briga que não nos compete e ao ameaçarem concretamente interesses norte-americanos.

O que a oposição brasileira — liberal, conservadora, libertária, bolsonarista, Partido Novo, antipetismo, quem for — deveria fazer? Na minha opinião, continuar dialogando com as forças políticas norte-americanas que possam vir a impor sanções individuais e denunciar o que acontece em nosso país para o exterior, de um lado, e, de outro, fazer o que recomenda o seu próprio nome de “oposição”, ou seja, opor-se — ao governo brasileiro, seja o governo oficial do PT de Lula, seja o governo prático do STF, que é o que hoje realmente comanda o país. A oposição brasileira não toma decisões por Donald Trump e não tem mandato para governar o Brasil. A responsabilidade de tentar resolver o problema é do governo brasileiro. A oposição deve mostrar isso à sociedade e cobrar ao governo que encaminhe uma solução. Compreendo o receio de que Lula “emplaque” a narrativa de que a oposição é culpada e de que devemos todos nos unir em nome da proteção da soberania nacional — uma narrativa ridícula e repugnante, já que estamos falando do mesmo sujeito que queria, para nos atermos a um exemplo, trazer um especialista chinês para ensinar o Brasil a censurar as redes sociais.

No entanto, manifesto certo ceticismo diante dessa interpretação. Estamos a mais de um ano das eleições, que infelizmente, sem mudanças de temperatura e pressão, deverão transcorrer sob efeito de um poder não-eleito persistentemente ativista. Se a oposição for minimamente competente, acredito que a sociedade tenderá a pressionar suas autoridades para que resolvam um eventual problema prolongado imposto por essa tarifação. De qualquer maneira, independentemente das consequências políticas, trata-se de uma questão de deveres e responsabilidades. A responsabilidade é de Lula, Moraes, Barroso e companhia limitada. Eles que se resolvam com Trump. A oposição e todos os demais brasileiros só têm um dever: cobrar que façam isso.

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