13/05/2025

DANOU-SE: NAS ELEIÇÕES DE 2024 O PCC ATUOU PARA INTERVIR E INVESTIU MAIS DE R$ 8 BILHÕES EM CANDIDATURAS

Investigação aponta que PCC atuou para interferir nas eleições e investiu mais de R$ 8 bi em candidaturas

Facções criminosas atuaram para interferir no processo eleitoral de 2024 em ao menos 42 cidades brasileiras, segundo relatório sigiloso elaborado por promotores e pela Polícia Federal. O documento, obtido pelo Fantástico, da TV Globo, aponta que o crime organizado buscou controlar candidaturas e financiar campanhas, com foco especial em municípios do interior do país.

Um dos casos mais graves ocorreu em João Dias, cidade com pouco mais de 2 mil habitantes no interior do Rio Grande do Norte. O então prefeito Francisco Damião de Oliveira, conhecido como Marcelo, foi executado em agosto de 2024, durante sua campanha à reeleição. Ele e o pai foram mortos em meio a uma disputa pelo comando do município, supostamente articulada por traficantes com vínculos com o Primeiro Comando da Capital (PCC).

De acordo com as investigações, o assassinato foi consequência de um acordo rompido que teria sido costurado ainda na eleição de 2020. À época, Marcelo foi eleito prefeito pelo Progressistas, com Damária Jácome, irmã de traficantes investigados, como vice-prefeita. Os irmãos — Deusamor, Leidjan, José Romeu e Samuel Jácome — são apontados pela polícia como lideranças do tráfico de drogas na região Nordeste, com movimentação estimada em R$ 30 milhões.

Segundo a apuração, Deusamor teria oferecido dinheiro a Marcelo para que este renunciasse ao cargo, o que ocorreu em junho de 2021, seis meses após a posse. A vice-prefeita Damária assumiu a chefia do Executivo municipal. Transcrições de discursos e depoimentos obtidos pela polícia indicam que os irmãos Jácome já operavam como gestores de fato antes mesmo da saída formal de Marcelo. Damária chegou a afirmar em público que os quatro anos de governo foram idealizados por seus irmãos.

O relatório revela que esse não é um caso isolado. Somente no estado de São Paulo, o PCC teria injetado R$ 8 bilhões em apoio a candidaturas municipais, conforme os dados levantados por promotores e investigadores. Os objetivos das facções incluem, com base no documento, a nomeação de aliados em secretarias estratégicas, a blindagem de atividades ilegais e a expansão do controle territorial.

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