18/05/2024

COM PASSAGENS DE 6 TÉCNICOS E QUASE 60 CONTRATAÇÕES, CRISE NO ABC COMPLETA UM ANO

ABC completa um ano em crise com passagem de seis técnicos e quase 60 contratações

Após dois anos de conquistas que tiraram o clube da Série D e o recolocaram na Série B, o ABC vive uma crise há um ano, com números ruins dentro de campo, montagens e requalificações de planteis. Um levantamento feito pela TRIBUNA DO NORTE mostra que o Alvinegro contratou, num intervalo de 14 meses, quase 60 jogadores e seis treinadores, incluindo o uso do interino Jonidey Tostão. Nesse cenário, o clube entra em campo neste domingo às 19h, na zona de rebaixamento e buscando a primeira vitória na Série C. O duelo é contra o Ferroviário, fora de casa.

Segundo levantamento, o ABC iniciou várias reformulações de março de 2023 (fim do Estadual/começo do Brasileiro a maio de 2024. Além disso, o time está com outra mudança em andamento, uma vez que o atual elenco não tem obtido resultados. Ainda assim, vários jogadores chegaram, entraram em campo e logo foram descartados. Um dos exemplos é o zagueiro Augusto, que falhou justamente em sua estreia contra o América-RN pela Copa do Nordeste. Ele deixou o Alvinegro atuando apenas seis jogos.

O atleta, no entanto, não é o único que pouco atuou. Agustin Rodríguez (um jogo) e o bielorusso Renan Bressan (oito jogos) também foram rapidamente dispensados. Outros jogadores com salários altos até atuaram em sequência, mas sem rendimento. É o caso do atacante Búfalo Parraguez, que atuou em 19 jogos e fez apenas três gols. O chileno era tido como o principal nome da temporada.

Os erros resultaram na saída do executivo de futebol Alvinegro, Marcelo Segurado, em março deste ano. Ele havia chegado ao ABC em junho do ano passado com a missão de requalificar o elenco para escapar do rebaixamento. Sem sucesso deixou o clube em março deste ano. A vaga não foi reocupada e Francisco Diá foi contratado para o cargo de analista técnico, o que indica uma tentativa de mudança metodológica no futebol do ABC.

No intervalo citado pela matéria, o Alvinegro foi rebaixado para a Série C com uma das piores campanhas da história da competição; fez fraca campanha na Copa do Nordeste 2024 com apenas uma vitória na fase de grupos (venceu um jogo na Pré-Copa) e perdeu o 1º turno do Estadual para o América-RN e sequer chegou na decisão do 2º turno. O Alvinegro está fora da Copa do Brasil 2024 via estadual, tendo ainda uma possibilidade de participar, caso a FNF melhore sua posição no ranking da CBF.

Rescisões

Para evitar novas dívidas trabalhistas, um dos maiores gargalos do clube nos últimos anos, o ABC tem procurado fazer acordos visando processos de ex-atletas que saem para abrir vaga aos reforços. “Passamos a lidar com isso como acredito que deve e tem sido a política que passou a ser adotada no ABC: não empurrar para debaixo do tapete, isto é, enfrentar as situações logo de imediato. Fizemos os acordos que foram necessários por conta do volume. Tínhamos contratos que estavam sendo extintos do fim de ano, então fizemos acordos somente em relação a verba de rescisão”, explica o vice-presidente administrativo Ricardo Furtado.

“Para se ter uma ideia, com essas mudanças recentes de atletas sendo devolvidos e que estão saindo antes do contrato, alguns deles saindo agora porque eram contratos de 90 dias, então aguardamos para que fossem extintos, e os que precisamos antecipar o fim, fizemos acordos e alguns deles pagamos e quitamos.

Ainda segundo Ricardo Furtado, o ABC não possui nenhuma ação trabalhista em relação aos jogadores que foram contratados do ano passado para cá, com exceção dos jogadores Allan Dias e Felipe Garcia, ações ainda em curso e que o ABC chegou a obter vitórias em instâncias iniciais e até reduções de dívidas.

“Não temos ação trabalhista dessas questões todas que fizemos do ano passado pra cá com exceção de algumas que estão em andamento, como Allan Dias e Felipe Garcia. A medida é exatamente, quando não é possível fazer rescisão, sentar e fazer acordo, discutir e negociar porque é do interesse do atleta continuar e o clube seguir”, finaliza.

Treinadores

Em um intervalo de pouco mais de um ano, o ABC teve seis treinadores diferentes, cada um deles com perfis distintos. Desde a saída de Fernando Marchiori, no dia 14 de maio de 2023, o ABC teve Allan Aal, Argel Fuchs, Jonidey Tostão (interino), Rafael Lacerda, Marcelo Cabo e por último Roberto Fonseca.

O que chama a atenção em nos casos é que quase todos, assim que chegam, falam em “reforços” e “reformulações”. O único que mal bebeu dessa fonte foi Argel Fuchs, que chegou ao Alvinegro na reta final da Série B do ano passado quando o ABC já praticamente só cumpria tabela na competição e praticamente não reforçou o elenco. Pelo contrário: promoveu Randerson e Andrey, jovens da base, que ganharam minutos e visibilidade durante o término do torneio.

Por sua vez, Rafael Lacerda foi o responsável pela montagem de boa parte do elenco atual e com dois de quatro objetivos alcançados durante sua passagem: vaga na Copa do Nordeste e passagem de fase na Copa do Brasil, mas perda do 1º turno do Estadual e resultados ruins na fase de grupos do Nordestão. Terminou com 17 jogos e 6 vitórias, 10 empates e 1 derrota.

Já Marcelo Cabo obteve apenas uma vitória, não conseguiu levar a equipe à terceira fase da Copa do Brasil nem às quartas da Copa do Nordeste e ainda amargou perda vexatória no Campeonato Potiguar, sendo “eliminado” do torneio duas vezes: uma na fase de grupos e outra após ressurgir no “tapetão” após eliminação do Baraúnas. Findou a passagem com 10 jogos e 1 vitórias, 4 empates e 5 derrotas.

Por fim, Roberto Fonseca chega com a missão principal de evitar o rebaixamento do Alvinegro à Série D, no entanto, o início não foi animador: já são dois jogos e duas derrotas, ambas sem marcar. Neste fim de semana, contra o Ferroviário, fora de casa, o Alvinegro busca a primeira vitória na competição.

NÚMEROS

60
jogadores foram contratados pelo ABC em reformulações

6
Treinadores, contando com o atual e interino, em 14 meses

Ferroviário e ABC duelam no PV, em Fortaleza

O estádio Presidente Vargas, em Fortaleza – CE, será palco de um confronto curioso pela Série C do Campeonato Brasileiro, envolvendo clubes à beira do desespero, em plena quinta rodada. Mergulhados na zona de rebaixamento, Ferroviário e ABC, ainda estão em busca da primeira vitória na competição e medirão forças a partir das 19h, em uma partida que promete ser carregada de emoção e expectativa por parte de seus torcedores.

Sem vencer um jogo desde o dia 27 de março e somando apenas um ponto em quatro jogos na Série C, o ABC enfrenta um desafio matemático e psicológico a essa altura da temporada. Com o longo período de jejum, a situação só se complica, a ponto de hoje o clube necessitar obter um aproveitamento de 64% nos próximos 15 jogos para atingir a marca de 29 pontos e garantir uma vaga na fase de classificação, o clube natalense vê no duelo contra o Ferroviário a oportunidade perfeita para iniciar uma reação urgente e necessária.

A esperança abecedista se renova com o retorno de peças chave do elenco. O técnico Roberto Fonseca poderá contar com os meio-campistas Wellington Reis e Walfrido, além do lateral-direita Felipe Albuquerque. Os três jogadores, recuperados de lesões, são apostas do treinador para trazer equilíbrio e experiência ao time, elementos que podem ser decisivos para a conquista dos três pontos fora de Natal.

O Ferroviário, por sua vez, também almeja sua primeira vitória e sabe que um triunfo em casa pode ser o início de uma trajetória de recuperação no campeonato. A equipe cearense, ciente da importância do confronto, promete uma postura ofensiva e determinada para superar o adversário e brindar sua torcida com um resultado positivo.

Com ambos os times cientes da importância de uma vitória para suas campanhas na Série C, o embate no Presidente Vargas não será apenas um jogo, mas um verdadeiro teste de resiliência e estratégia. O vencedor irá ganhar um crédito de confiança importante dos seus torcedores e o derrotado, vai ver a pressão por resultados positivos aumentar ainda mais. Nas atuais circunstâncias, o empate não será um bom resultado para nenhum dos lados.

TN

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