31/01/2023

'ARMAÇÃO PARA CULPAR GESTÃO ANTERIOR' - DIZEM EX-FUNCIONÁRIOS DA FUNAI SOBRE YANOMAMIS

Ex-funcionários da Funai denunciam armação para culpar gestão anterior

Surpresos com a cobertura enviesada da grande imprensa e temerosos que de sejam vítimas de acusações e punições injustas, alguns ex-funcionários da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) procuraram o BSM para denunciar o que acreditam ser uma armação do novo governo para culpar a gestão anterior pela tragédia Yanomami.

Depois que Lula visitou os yanomamis, em Roraima, no fim de semana passado, a imprensa tem cunhado o termo “genocídio” - citado pelo petista - todas as vezes em que o tema é abordado.

Diante do cenário criado por Lula, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, rapidamente anunciou a abertura de um inquérito para investigar se houve crime de genocídio e omissão de socorro ao povo Yanomami por parte
do governo Bolsonaro.

Endossando a narrativa de abandono dos indígenas, já desmentida em relatório da Funai, o portal UOL publicou uma reportagem, no último dia 24, em que noticia a exoneração de diversos servidores da entidade e associando o desligamento dos funcionários à crise Yanomami.

Citada pelo UOL, a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, disse que a pasta começou a desfazer a “militarização” da Funai. De acordo com a ministra, os funcionários exonerados “vinham tomando ações contrárias à missão de assegurar os direitos dos povos indígenas”. Entre as 38 exonerações “há pelo menos 13 militares”, destacou o UOL. As exonerações foram assinadas pelos ministro da Casa Civil, Rui Costa, e publicadas no Diário Oficial da União (DOU) do dia 23 de janeiro, dois dias depois da visita de Lula à comunidade Yanomami.

Ao todo foram desligados dos cargos 22 coordenadores regionais, 15 coordenadores de setores, 3 assessores e o chefe de gabinete da Funai, o diretor do Museu do Índio e o corregedor da Funai. O UOL fez questão de citar os nomes de todos os exonerados depois de sugerir que a demissão pode ter ligação com os problemas “denunciados” por Lula, já que foram publicadas no DOU poucos dias depois da visita do presidente à comunidade indígena.

Só nas últimas três linhas da reportagem é que o UOL dá espaço para a versão dos exonerados. Segundo um deles, ouvido pelo portal, a sua exoneração "não tem a ver com o ocorrido com os yanomamis". Trata-se de Clotário de Paiva Gadelha Terceiro Neto, ex-coordenador regional de João Pessoa, na Paraíba. Apesar desse breve depoimento, o UOL ignorou o fato de que boa parte dos funcionários exonerados atuava em outros estados do país e muitos nem tratavam de questões relacionadas ao povo Yanomami.

Revoltados com o viés da reportagem, alguns dos funcionários exonerados entraram em contato com o Jornal BSM para desmascarar a tentativa do UOL de criminalizá-los. As identidades de todos os ex-funcionários que conversaram com o BSM serão mantidas em sigilo a pedido dos próprios entrevistados.

Uma das ex-funcionárias enviou ao BSM a cópia de um e-mail disparado simultaneamente para todos os que seriam exonerados. O detalhe é que este e-mail foi enviado em 17 de janeiro de 2023, quatro dias antes de Lula visitar e “denunciar” a tragédia em Roraima.

“Em razão do processo de transição inerente à nova gestão do Governo Federal, informa-se que foi solicitada a exoneração/dispensa de cargo/função de todos os destinatários desta mensagem, com amparo na perspectiva da livre nomeação e exoneração e/ou dispensa e designação. Em função de lentidão na tramitação processual de competência do MJSP, ao qual esta Fundação está vinculada até 23/01/2023, e, visando a previsibilidade dos atos, informa-se que, ainda que sejam publicadas posteriormente, as portarias terão efeitos a partir de 18/01/2023 (quarta-feira), data em que os titulares dos cargos/funções não poderão mais assinar documentos inerentes às atribuições do cargo/função”, diz o email enviado pela Coordenação-Geral de Gestão de Pessoas (CGGP) da Funai.

Confirmando o que informa o e-mail, na última quarta-feira (25), a Casa Civil publicou uma portaria no DOU nomeando novos funcionários e retificando a data de exoneração da equipe antiga, desligada oficialmente nos dias 17 e 18 de janeiro, portanto, desmontando a narrativa do UOL de que a demissão tenha ocorrido em virtude da investigação do governo Lula.

“Essas exonerações já estavam previstas. Tem coordenadores regionais de outros estados, pessoas que pediram para ser exoneradas. Ou seja, exonerações normais, de troca de gestão, mas que parece que foram usadas para alimentar essa narrativa dos yanomamis. E pelo que dá a entender a nova gestão da Funai está fazendo pouco caso. Postura politiqueira e nada profissional”, disse um dos ex-funcionários ao BSM.

Ao se queixar do modelo proposto pela esquerda para a Funai, uma das entrevistadas disse que “eles brincam com a vida do indigena, acham que os índios querem viver caçando, pelado no mato. A cultura é evolutiva e (eles) não aceitam”. A ex-funcionária também disse ter “muito orgulho desse grupo que foi exonerado” e completou: “O legado é de autonomia e protagonismo. A (nova) Funai não terá vida fácil com esses indígenas que acordaram”.

“Tudo planejado. A exoneração dos comissionados já havia sido informada por e-mail coletivo, endereçado a todos, com o nome de todos, não preservando a privacidade, num momento onde pessoas da atual Funai e do governo já estavam se deslocando para Roraima. Esperaram dar a primeira repercussão do assunto ‘yanomami’ na mídia, e logo em seguida, publicaram as exonerações, sem previsão de substitutos, com uma manchete sensacionalista, vinculando as exonerações aos yanomamis, no sentido de levar o público a entender que as exonerações foram executadas devido à ‘incompetência’ daqueles servidores, que não é verdade, muito menos tem razão de causa-efeito. Mas o método de assassinato de reputações da esquerda se utiliza de alguns fatos para potencializar a elaboração de narrativas mentirosas”, disse outro
ex-funcionário ao BSM.

Brasil Sem Medo

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