‘Resistência final’ para barrar a posse de Lula. Veja o que pensam apoiadores de Bolsonaro no Telegram
A estratégia da “resistência final” para barrar a posse de Luiz Inácio Lula da Silva abriu divergências entre apoiadores do presidente Jair Bolsonaro. De acordo com informações do Estadão, nas redes sociais e em aplicativos de mensagem, cresce a cobrança por uma ação contundente do atual mandatário e das Forças Armadas, com pedidos até de intervenção. Manifestantes, porém, discordam sobre concentrar todos os esforços na frente de instalações do Exército ou ocupar novos espaços simbólicos, como a Esplanada dos Ministérios.
A 15 dias de o petista assumir o Palácio do Planalto pela terceira vez, circulam em plataformas digitais como o Telegram mensagens com o entendimento de que os militares precisam tomar o poder antes da transmissão do cargo, em 1º de janeiro. Depois disso, Lula coloca como uma das prioridades acabar com atos em quartéis e tiros de guerra pelo País. Este deve ser um dos principais temas do primeiro encontro entre o presidente eleito e os futuros comandantes das Forças Armadas, programado para esta sexta-feira, 16.
Após a deflagração de uma operação da Polícia Federal na manhã desta quinta-feira, 15, que cumpriu 103 mandados de busca e apreensão, além de ordens de prisão em oito Estados e no Distrito Federal por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes no inquérito dos atos antidemocráticos, apoiadores de Bolsonaro reforçaram convocações para protestos nos dias 18 e 19 de dezembro. Quatro foram presos.
“Isso aqui (a operação) é uma tática para diminuir as manifestações. Vamos mostrar que não funcionou, 18 e 19 vão ser gigante”, diz uma mensagem a que a reportagem teve acesso no Telegram. “Vamos resistir. Afinal, somos a resistência. Esta semana é crucial. Vamos manter o foco. Encher os quartéis”, afirma outro texto.
Entre os conteúdos mais compartilhados está um vídeo gravado por um dos quatro alvos de mandados de prisão no Espírito Santo, o pastor Fabiano Oliveira. “A minha prisão é o incentivo para que você venha para a porta do quartel e continue esta luta”, diz Oliveira na frente de uma instalação do Exército. Segundo ele, agentes da Polícia Federal o haviam procurado mais cedo na casa de sua ex-mulher.
Monitoramento de canais e grupos de Telegram mostra que os manifestantes estão receosos em ampliar as áreas de atuação além do entorno do Quartel-General do Exército, em Brasília. Recentemente, manifestantes passaram a se reunir também nas proximidades do Palácio da Alvorada, a residência oficial de Bolsonaro.
Críticas
O Estadão teve acesso a materiais que criticam diretamente influenciadores por incentivar a participação em ato na Esplanada, por exemplo. “Olha só o que vocês fizeram, (Oswaldo) Eustáquio, (Carina) Belomé , (Allan) Frutuoso etc. chamaram para ir à Esplanada. Avisamos que era armadilha, e vocês insistiram, e aconteceu o que avisamos”, diz um mensagem. “Querem ajudar vão para os quartéis.”
Em outros grupos, usuários dizem que os blogueiros não são bem-vindos. “Não é questão de dividir os patriotas. É questão de dever para preservar nossa união. Eles são apenas uns grupelhos isolados. Desculpe, mas estamos em guerra e esses caras já encheram muito o saco”, escreveu um usuário em um canal com mais de 20 mil seguidores.
Nenhum comentário:
Postar um comentário