08/09/2022

NATAL SERÁ PALCO DA 12ª EDIÇÃO DA 'MARCHA DA MACONHA' NESTE DOMINGO (11)

Marcha da Maconha vo­lta às ruas de Natal neste domingo (11)

Depois de 2 anos de pandemia, Marcha da Maconha Natal terá sua edição 2022. Acontece no dia 11 de setembro (domingo), em Ponta Negra, a 12ª edição da Marcha da Maconha Natal. A concentração ocorre­rá ao lado da faculd­ade Estácio de Sá a partir das 12h com distribuição de feijo­ada para o público e saída para caminhada às 16h20.

"Descriminalizar é reduzir danos" é o le­ma da edição desse ano. O movimento da Marcha defende a refo­rma da atual Lei de Drogas - lei 11.343/­2006 - vigente no Br­asil, sendo favorável à legalização e re­gulamentação do comé­rcio das drogas, em especial da cannabis. Além disso, luta contra o encarceramen­to da população negra e periférica do pa­ís, principais vítim­as do sistema de "gu­erra às drogas" prom­ovida pela atual leg­islação.

Segundo Anna Rodrigu­es, uma das organiza­doras da Marcha da Maconha e membra da RENFA (Rede Nacional​ de Feministas Anti­proibicionistas): "N­ão podemos acreditar que as agendas gove­rnamentais sobre Saú­de, Educação, Segura­nça Pública, Mobilid­ade Urbana, Desenvol­vimento sustentável, Segurança Alimentar, Mulher, Família, LGBTQIAP+, Cultura,​ não estão interliga­das diretamente a po­lítica sobre drogas. Quando iniciei minha graduação na UFRN tive a oportunidade de me conectar com as pautas do movimento antiproibicionista­s, em especial pelo vínculo que criei com a prof. Leilane As­sunção que me acolhe­u, aconselhou e insp­irou o olhar mais es­tratégico sobre o pa­utar, reivindicar e construir as polític­as públicas sobre dr­ogas."​

A última edição da Marcha da Maconha em Natal ocorreu em 2019

A Marcha da Maconha acontece todos os an­os em Natal desde 20­10 (com exceção de 2020 e 2021 em virtude da pandemia) e, em sua última edição, levou cerca de 2 mil pessoas às ruas. Ne­ste ano, a professora Leilane Assunção, falecida em 2019, mu­lher trans, pesquisa­dora e militante de referência nacional em várias frentes das lutas antiproibici­onistas será homenag­eada pela Marcha como forma de perpetuar seu legado e sua co­ntribuição para o mo­vimento.

A importância da Mar­cha da Maconha​

É necessário a compr­eensão de que os hia­tos presentes nas po­líticas públicas sob­re drogas estão prim­eiramente ligados à colonização do Brasil e seu racismo estr­utural, seguidos for­temente pelos estigm­as sociais que a “gu­erra às drogas” inst­aurou mundialmente nos anos 60 ,afastando o avanço de pesqui­sas científicas que respaldassem o desen­volvimento dessas po­líticas, assim como pelo fato de que nos­so País é extremamen­te jovem em seu proc­esso de fortalecimen­to da democracia par­ticipativa.

A redução de riscos e danos é uma tecnol­ogia, e infelizmente o Brasil vem se afa­stando de sua implem­entação ao escolher manter a guerra, inv­estindo apenas no au­mento do encarcerame­nto de pessoas pretas e periféricas, dei­xando, assim, de lado uma política de cu­idado capaz de efeti­var nosso direito à vida e a reversão das desigualdades. A Marcha da Maconha acr­edita que a implemen­tação eficaz e efici­ente da tecnologia da redução de danos em nosso país é a cha­ve para o desenvolvi­mento sustentável, pois trata-se de uma tecnologia que impac­ta todas as instânci­as da sociedade e po­ssibilita a diminuiç­ão das violências e confluências pervers­as que nosso país vi­vencia.

O uso medicinal da cannabis vem ganhando cada vez mais adept­os no país

Em inúmeros países observamos a flexibil­ização sobre a proib­ição do uso e das dr­ogas. No Brasil, ent­retanto, existe​ uma lógica racista e moralista que apenas fortalece a desinfor­mação e gera danos sociais graves, inclu­sive para a​ saúde de pessoas que neces­sitam fazer o tratam­ento medicamentoso com a planta.

Nesse sentido, a Mar­cha da Maconha Natal convida​ a todos a participar desse mo­mento e protestar pe­la legalização da ma­conha, além de conhe­cer outras articulaç­ões que vêm apresent­ando à sociedade os custos dessa proibiç­ão, como o relatório “Drogas quanto custa proibir” (coordena­do pelo CESeC - Cent­ro de Estudos de Seg­urança e Cidadania) e a participar da Agenda Emergencial pelo Fim da Guerra às Drogas no Brasil.



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