08/03/2022

MULHERES DO MST PROMOVEM ATO DE VANDALISMO NO ESCRITÓRIO DO DEPUTADO GENERAL GIRÃO

Vandalismo em escritório de deputado do RN foi promovido por mulheres do MST

Na madrugada desta terça-feira (8), mulheres que compõem o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Rio Grande do Norte realizaram protestos em frente à sede do gabinete do deputado federal General Girão (PSL-RN), em Natal. A ação expressa o descontentamento com medidas como a aprovação do Projeto de Lei 6299/02, conhecido como Pacote do Veneno, que teve o voto favorável do parlamentar potiguar na Câmara Federal.

Em nota, as Mulheres denunciam a atuação do deputado, “disseminador de notícias falsas, investigado pelo STF por patrocinar processos anti-democráticos com recursos de mandato parlamentar, um dos nomes que votou a favor do PL do Pacote de Veneno, além de aprovar o projeto político de um governo genocida, que representa a fome, a destruição da vida, da natureza e a paralisação da reforma agrária”.

A ação integra a Jornada de Lutas das Mulheres Sem Terra, organizada durante o mês de março, que inclui protestos, ações de solidariedade e atividades de formação política em todo o país.

Leia na íntegra a nota das Mulheres Sem Terra do Rio Grande do Norte sobre ação contra o deputado General Girão.

NOTA DAS MULHERES SEM TERRA DO RIO GRANDE DO NORTE SOBRE PORQUE ESCRACHAMOS O DEPUTADO GENERAL GIRÃO

GIRÃO TEM SANGUE, VENENO E FOME NAS MÃOS!

Nós, Mulheres Sem Terra Potiguares, mobilizadas em Jornada Nacional de Lutas, ocupamos o campo e a cidade de todo país, denunciando as violências estruturais, retrocessos e desmandos do atual governo Bolsonaro e seus apoiadores, que impede nosso acesso à terra, ao trabalho digno, aos nossos direitos e a tudo que viola nosso direito de existir gritando. Diante disso, só nos resta resistir, denunciar e lutar.

No final do ano de 2019, o atual deputado General Girão tornou- se alvo de investigação junto ao STF. Investigação essa que apura divulgação e financiamento de atos antidemocráticos, sendo apontado como um dos quatro parlamentares envolvidos. O esquema se dava por meio de pagamentos a agências de publicidade, que divulgavam e convocavam participantes para atos onde as reivindicações eram: “Fechamento do Congresso Nacional, fechamento do STF, intervenção militar e cobrança da volta do AI-5”.

De acordo com o levantamento, o deputado Girão foi um dos mais generosos contribuintes no financiamento, injetando entre dezembro de 2019 e junho de 2020 cerca de R$87.700,00 (oitenta e sete mil e setecentos reais), sendo que desses, R$ 51.800,00 (cinquenta e um mil e oitocentos reais), correspondem aos gastos do mesmo com a agências de publicidade investigadas por divulgação de atos antidemocráticos.

E não para por aí! No último dia 14 de fevereiro de 2022, integrantes do Grupo de Trabalho (GT) Agrotóxicos e Saúde, da Fiocruz, chamaram a atenção para a “PL do Veneno”, demonstrando que, tal PL, formalmente conhecida por PL6299/2002, traria prejuízos para o meio ambiente e também para a saúde da população, alertando ainda aos danos irreparáveis no processo de registro, monitoramento e controle de riscos e perigos de AGROTÓXICOS no Brasil.

Além da Fiocruz, especialistas, artistas, defensores do meio ambiente, órgãos e instituições manifestaram seu completo repúdio à aprovação da PL. A Fiocruz, assertiva em expor no documento apresentado aos senadores, que ao promover essa flexibilização, o PL “permite o registro de produtos mais tóxicos, como aqueles que causam câncer, problemas reprodutivos, distúrbios hormonais e para o nascimento”. E nós? Como ficamos nós com uso abusivo, desenfreado, sem monitoramento e fiscalização? Uma loteria de perdas que não queremos apostar para ver em qual das mazelas nos surpreenderá primeiro. Existem interesses financeiros e políticos que são as bases para a defesa do “PL do Veneno”, tendo em vista as consequências absurdas. Não é a nossa qualidade de vida e o direito à saúde que estão sendo uma prioridade. Quem deveria representar, é quem nos joga contra os nossos interesses, contra a dignidade, vida e saúde de seu povo, além de covarde, é desumano!

Aqui no Rio Grande do Norte, dos oito deputados, seis foram a favor desse absurdo: Walter Alves, João Maria, Beto Rosado, Carla Dickson, General Girão e Benes Leocádio. O povo do Rio Grande do Norte precisa saber quem usa do parlamento para votar contra o povo e reiteramos que ELES não podem ser reeleitos!

Quanto vale uma vida, senhores(a) deputados (a)? O povo potiguar gostaria de saber de vocês!

Na Câmara dos Deputados a votação do PL 6299/2002, se deu numa quarta-feira à noite, em caráter de urgência. Debatido em menos de 4 horas, a Câmara dos Deputados APROVOU, por 301 a 150 votos o “Pacote de Veneno – PL 6299/2002”, sem prévia discussão, participação ou consulta popular.

Durante o governo Bolsonaro foi registrado um aumento recorde de liberação de agrotóxicos, parte deles extremamente tóxicos e muitos proibidos na União Europeia. Foram mais de 1.500 novos AGROTÓXICOS liberados desde o início da gestão e só no ano de 2021 foram 641 novos.

Com quem fica o lucro??? Afinal, só nos foram oferecidos os prejuízos.

Provavelmente o senhor deputado Girão saberá nos responder, foi dele um dos 301 votos a favor do pacote de veneno ao povo.

Em meio a pandemia, desemprego, a fome, a incerteza, as violências e violações diárias – no meio social, político, estrutural, negociam nossas vidas, nossa terra, nossas águas, nosso alimento, nosso direito de existir. Enquanto assim for, nós mulheres sem-terra resistiremos, marcharemos, lutaremos, denunciaremos. Cabe a nós a construção de dias melhores, seja no campo, na cidade, nas florestas.

Que a voz das mulheres possa ecoar nas ruas “Terra, Trabalho e Direito de Existir. Mulheres em Luta não vão sucumbir!”

Pelas que vieram antes de nós, por nós e pelas que virão depois de nós.

Seguimos!

Direção Estadual do MST/RN


Com informações da Agência Saiba Mais

Nenhum comentário: