MPF abre inquérito para investigar uso de fundos públicos para viagens particulares de Tiririca

O regimento interno da Câmara estabelece que todos os recursos destinados à viagens dos políticos precisam ser justificados com atividades relativas ao exercício do mandato ou com locomoções para a base eleitoral de origem. Em nenhuma hipótese as regras preveem uso dos fundos para benefício pessoal em viagens particulares.
A apuração do MPF busca entender se os gastos do deputado e dos assessores com passagens aéreas ao longo de 2019 tiveram relação com a agenda parlamentar ou se tinham outro objetivo.
Durante o mandato, Tiririca não abandonou a profissão que o tornou reconhecido. O comediante, nascido no interior do Ceará, divulga com frequência a agenda de shows do espetáculo “Tiririca, minha história”, que conta a trajetória dele ao longo dos 30 anos de carreira.
Só neste ano, o gabinete de Tiririca registrou gastos de mais de 70 mil reais em dinheiro público destinados para inúmeros deslocamentos aéreos. Em outubro deste ano, o colunista de ÉPOCA Guilherme Amado publicou os gastos dos assessores do deputado em deslocamentos. Os bilhetes estavam no nome de três funcionários do gabinete do deputado: Loianne Oliveira de Almeida Silva, Lucas Noleto Ferreira e Alexsander Ericssen da Costa Cavalcante.
No total, 50 bilhetes foram emitidos pelos assessores, a maioria para cidades de São Paulo, estado pelo qual Tiririca é eleito. Apesar disso, 20 das passagens foram para o aeroporto de Fortaleza. Ainda segundo o colunista, Tiririca gastou neste ano R$ 57.800 de sua cota parlamentar com passagens aéreas para o Ceará. Foram 54 viagens registradas de janeiro até agora.
Em 2017, Tiririca fez seu primeiro e último discurso no plenário da Câmara dos Deputados e anunciou que desistiria da vida pública a partir do fim daquele mandato. Ele afirmou que não tentaria a reeleição em 2018 porque está “decepcionado” e com “vergonha” da política. Além do discurso, que viralizou nas redes sociais, o deputado afirmou em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo que estava saindo chateado, mas não com sua própria atuação. “Não fiz muita coisa, mas fiz o que sou pago para fazer: estar aqui e votar de acordo com o povo.”
Apesar disso, Tiririca se candidatou pelo Partido Liberal em 2018 e foi eleito novamente por São Paulo com quase meio milhão de votos para seu terceiro mandato na Câmara. O salário líquido de um deputado federal é de quase R$ 25 mil, além de benefícios para auxiliar com moradia, transporte e refeições na capital federal.
Procurado por ÉPOCA, a equipe do deputado ainda não emitiu um posicionamento sobre a abertura do inquérito pelo Ministério Público.
Época
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