01/12/2025

EM MEIO A BOATOS DE QUE ESTAVA DESAPARECIDO, MADURO REAPARECE EM CARACAS

Maduro reaparece em Caracas em meio a boatos de que teria fugido

Nicolás Maduro fez sua primeira aparição em público em dias neste domingo, 30, em Caracas, em meio à intensificação das tensões diplomáticas com os Estados Unidos. O ditador da Venezuela, que habitualmente participa de transmissões semanais na TV estatal, não era visto desde a última quarta-feira, 26, quando divulgou um vídeo enquanto dirigia pela capital em seu canal no Telegram.

Maduro esteve presente em uma premiação de cafés especiais no leste da capital venezuelana, onde entregou medalhas a produtores locais, experimentou diferentes tipos da bebida e fez comentários breves, sem mencionar diretamente o impasse com Washington. No encerramento do evento, afirmou que a Venezuela é “indestrutível, intocável, imbatível”.

A tensão internacional aumentou depois do envio de mais de 12 navios de guerra e cerca de 15 mil militares norte-americanos ao Caribe. Segundo os EUA, a mobilização tem o objetivo de intensificar o combate ao narcotráfico, enquanto o governo de Caracas interpreta a ação como uma pressão para que Maduro deixe o comando do país.


Antes do evento, o chefe da Casa Branca, Donald Trump, confirmou a jornalistas que havia conversado por telefone com Maduro. “Não quero comentar isso; a resposta é sim”, afirmou no avião presidencial Air Force One, segundo os jornais New York Times e Wall Street Journal. O regime venezuelano não se pronunciou sobre a ligação.

Em paralelo, Maduro enviou carta à Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) em que acusa os EUA de realizarem “ameaças constantes e explícitas” e tentarem tomar as reservas de petróleo venezuelanas “à força”. Ele disse que tais ações ameaçam a estabilidade da produção nacional.

O ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yvan Gil Pinto, publicou o conteúdo no Telegram e ressaltou que o país continuará “firme na defesa de seus recursos naturais”. O Departamento de Estado norte-americano voltou a afirmar que as operações no Caribe são focadas em ações antidrogas.


No mesmo dia, o presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Jorge Rodríguez, responsabilizou os EUA por “assassinato” depois de o regime chavista reconhecer que cidadãos do país morreram em ataques norte-americanos a embarcações suspeitas de tráfico de drogas, iniciados em setembro.

“Não há guerra declarada entre os EUA e a Venezuela, portanto isso só pode ser classificado como assassinato”, disse Rodríguez, defendendo que “todo ser humano tem direito ao devido processo”.

Rodríguez informou que se reuniu com familiares dos mortos e anunciou a criação, pelo Parlamento local, de uma comissão especial para apurar as mortes. As investigações vão considerar relatos de que militares dos EUA teriam realizado um segundo ataque em 2 de setembro, depois que a primeira ação não resultou nas mortes de todos a bordo. O número total de venezuelanos mortos será divulgado depois do início das apurações.

Maduro é alvo de novas denúncias de violação aos direitos humanos

A Venezuela segue enfrentando denúncias de violações de direitos humanos. O Alto-Comissariado da Organização das Nações Unidas para Direitos Humanos revelou que opositores ao governo frequentemente não recebem julgamentos justos. Organizações consultadas pela emissora norte-americana CNN relataram que mais de 50 pessoas foram detidas por motivos políticos em outubro. O regime nega as acusações.

Desde setembro, operações dos EUA contra o narcotráfico resultaram em bombardeios a embarcações suspeitas no Caribe e no Pacífico. Dados recentes revelam que 83 pessoas morreram em cerca de 20 ataques norte-americanos na região.

No último sábado, 29, Trump anunciou o fechamento completo do espaço aéreo sobre e ao redor da Venezuela. O comunicado ocorreu pouco depois de o presidente afirmar que operações “por terra” contra traficantes venezuelanos vão começar em breve e da chegada, em 12 de novembro, do porta-aviões USS Gerald R. Ford ao Mar do Caribe.

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