MST admite frustração com a reforma agrária no governo Lula
A principal liderança do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) sinaliza que as expectativas da organização quanto a avanços concretos da reforma agrária no terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) permanecem baixas, em meio à avaliação de que o atual governo não tem priorizado medidas robustas de redistribuição fundiária.
Segundo Ceres Hadich, integrante da direção nacional do MST, dados oficiais mostram que cerca de 140 mil famílias ainda esperam acesso à terra, mas há dúvidas internas de que sequer 20 mil a 25 mil sejam atendidas neste ciclo.
De acordo com o movimento, as ações federais até agora têm se concentrado principalmente na regularização de terras, assentamentos já existentes e reconhecimento de territórios quilombolas, o que, na avaliação de seus dirigentes, não resolve a demanda histórica por redistribuição de propriedade rural.
Hadich citou também a recriação do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), ressaltando que a pasta ainda não recebeu orçamento considerado suficiente para implementar políticas efetivas de reforma agrária.
O MST sustenta que, apesar das restrições orçamentárias e do cenário político que exige alianças do presidente com grupos com interesses opostos à reforma agrária, continuará mobilizado e pressionando o Executivo pela ampliação dos assentamentos e fortalecimento das comunidades que já receberam terras.
A direção do movimento afirma que trabalha, além das ações imediatas, com a perspectiva de que um futuro governo apresente “um projeto claro” para a reforma agrária no Brasil.
Representantes da organização afirmam que a lentidão gerou insatisfação entre seus membros, que reivindicam um ritmo mais acelerado de desapropriações e destinação de terra às famílias acampadas há décadas.
Apesar de reconhecer ganhos pontuais, como algumas regularizações e assentamentos anunciados (incluindo medidas do Incra estipuladas ao longo do mandato), a expectativa da liderança segue voltada para uma política mais ampla e ambiciosa no pós-2026.
O movimento afirma que seguirá atuante nas discussões com o Executivo e no campo, mantendo sua agenda de reivindicações enquanto busca consolidar avanços estruturais para a reforma agrária no país.

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