Desembargadora que soltou Vorcaro foi defendida pelo mesmo advogado do banqueiro
O mesmo escritório que representa Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, defendeu a desembargadora Solange Salgado, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), em uma acusação de fraude. A magistrada foi responsável pela decisão que soltou o executivo na sexta-feira 28.
Uma auditoria interna da Associação dos Juízes Federais da 1ª Região (Ajufer), em 2010, identificou 45 empréstimos simulados com a Fundação Habitacional do Exército (FHE/Poupex), somando R$ 6 milhões.
Os contratos, assinados por ex-presidentes da entidade — entre eles Solange Salgado, Moacir Ferreira Ramos, Charles Renaud e Hamilton Dantas —, geraram prejuízo superior a R$ 20 milhões, segundo a FHE/Poupex. O relatório citou uso indevido de dados de magistrados, contas de terceiros e repasses suspeitos.
Em 2011, 40 juízes pediram investigação disciplinar ao TRF-1. O corregedor Cândido Ribeiro abriu processo administrativo e registrou contratos considerados fraudulentos. A punição aplicada à magistrada acabou anulada pelo Conselho Nacional de Justiça por falta de quórum, sem alterar as conclusões das auditorias.
Em meio ao processo, Solange foi defendida pelo escritório Bottini & Tamasauskas Advogados, pertencente a Pierpaolo Cruz Bottini. Dois advogados do escritório, incluindo o próprio Bottini, fazem parte da defesa de Vorcaro no caso da fraude no Banco Master.
TRF-1 rejeitou a ação contra a desembargadora
Na época, o TRF-1 rejeitou por unanimidade denúncia contra Solange, então ex-presidente da Ajufer, sobre suposta venda irregular de sala comercial em 2010. A acusação contra Moacir Ramos foi recebida. O Ministério Público Federal alegou que a venda teria servido para quitar dívidas dos dois magistrados com a FHE/Poupex.
Solange também foi denunciada por apropriação de valores ligados a contratos de empréstimos da Ajufer, firmados em nome de magistrados que desconheciam as operações. Seis juízes eram apontados como beneficiários de cerca de R$ 6 milhões.
Solange tem carreira extensa no Judiciário e no Mnistério Público. Formada em 1985, foi promotora em Minas Gerais, defensora no Rio de Janeiro, juíza no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e, desde 1992, integra a Justiça Federal. Atuou no Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão, no TRF-1 e em funções administrativas no Distrito Federal.
Além disso, lecionou em instituições como Centro de Ensino Unificado do Maranhão, no Centro de Estudos Jurídicos do Maranhão, na Associação de Ensino Unificado do Distrito Federal e no Centro Universitário de Brasília.
A soltura de Daniel Vorcaro
No caso do Banco Master, Solange primeiro manteve a prisão dos investigados. Depois, entendeu que a viagem de Vorcaro ao exterior estava justificada e que não havia risco concreto de fuga, substituindo a prisão por cautelares.


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