Escritora da ABL causa polêmica ao dizer que fala “pretuguês”
A escritora Ana Maria Gonçalves, conhecida por abordar temas históricos e raciais em seus livros, tomou posse como autora na Academia Brasileira de Letras (ABL) na última sexta-feira (7). Em seu discurso, ela causou polêmica ao afirmar que foi escolhida por falar “pretuguês” e praticar a “escrevivência”.
– Cá estou eu hoje, 128 anos depois de sua fundação, como a primeira escritora negra eleita para a Academia Brasileira de Letras, falando “pretuguês” e escrevendo a partir de noções de oralitura e escrevivência. E assumo para mim, como uma uma das missões promover a diversidade nessa casa e fazer avançar as coisas nas quais nela eu sempre critiquei, como a falta de diversidade na composição de seus membros, uma abertura maior para o público e o maior empenho na divulgação e na promoção da literatura brasileira – declarou.
Gonçalves é a primeira escritora negra eleita como imortal na instituição. Ela ocupa a cadeira de número 33, antes do gramático Evanildo Bechara. Seu livro mais famoso é intitulado Um Defeito de Cor. Com 952 páginas, a obra narra a história de uma mulher africana chamada Kehinde em busca de seu filho desaparecido.
No discurso de abertura, a antropóloga membro da ABL, Lilia Schwarcz, afirmou que o livro de Gonçalves reflete o que chamou de “chacina” nos complexos do Alemão e Penha, referindo-se à megaoperação policial no Rio de Janeiro, que deixou 121 mortos, quatro deles policiais e os demais suspeitos de ligação com o Comando Vermelho.
– Nunca o livro de Ana foi tão atual como nos dias de hoje, com as chacinas nos complexos do Alemão e da Penha. Kehinde é uma mãe que viu um filho morrer e outro desaparecer. Simbolicamente, ela é mais uma das muitas mães brasileiras enlutadas que seguem lutando – afirmou.
A fala de Gonçalves despertou críticas nas redes sociais, incluindo do advogado e professor de Direito Constitucional, André Marsiglia, colunista do Pleno.News.
– Somente em um país onde ninguém lê, e por isso ninguém entende de literatura, foi possível à Academia Brasileira de Letras virar palanque do identitarismo. O texto importa pouco, vale a lacração para manchete de jornal – opinou Marsiglia em postagem no X.
pleno.news

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