Brasil do emprego recorde não reduz informalidade nem aumenta produtividade
Com o desemprego em 5,6%, o menor da série histórica, o Brasil não consegue reduzir a informalidade, que segue perto de 40% há mais de uma década. A produtividade também está parada. Com economia aquecida e falta de trabalhadores, empresas elevam salários para atrair mão de obra e acabam repassando custos aos preços, pressionando a inflação.
Segundo o FGV/IBRE, o trabalhador formal é quatro vezes mais produtivo que o informal. Mesmo com 4,6 milhões de vagas formais criadas desde 2023, o país ainda tem 40,8 milhões de informais, o que derruba a produtividade média.
A informalidade só não é maior por causa do avanço dos MEIs e PJs. Trabalhadores por conta própria com CNPJ passaram de 3,3% para quase 7% da força de trabalho em dez anos. Muitos escolhem esses modelos pela flexibilidade; outros migram da CLT pressionados por empresas que buscam reduzir encargos, que chegam a 70% sobre o salário. Entre 2022 e 2024, 5,5 milhões de trabalhadores saíram da carteira assinada para abrir CNPJ.
Mesmo assim, setores como agronegócio, varejo e construção enfrentam escassez de mão de obra. Construtoras operam com cerca de 10% de déficit de pessoal e recorrem a estrangeiros e aumento de salários acima da inflação.
Apesar da criação de vagas, várias profissões ficaram relativamente menos remuneradas entre 2012 e 2024, sinalizando precarização. E a produtividade por hora trabalhada continua praticamente estagnada: cresceu apenas 0,3% ao ano nos últimos cinco anos. Já a renda per capita subiu 1,7% ao ano graças ao aumento do número de pessoas ocupadas, não por ganho de eficiência. Para especialistas, isso é um movimento cíclico, não sustentável.
A baixa produtividade é agravada pelo baixo grau de abertura econômica do país, com só 1% de participação no comércio mundial. Para analistas, o atual aquecimento do mercado de trabalho depende de gastos públicos elevados e não deve se sustentar após 2026.
Com informações de Folhapress

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