11/10/2025

DE FALCATRUAS 'NÓS ENTENDE'

PF apura relação dos donos da JBS com venda de sentenças

A Polícia Federal decidiu investigar relação do lobista Andreson de Oliveira Gonçalves com a holding J&F, dos notórios Joesley e Wesley Batista, no processo sobre venda de sentenças no Superior Tribunal de Justiça. Diálogos, transações financeiras e processos no STJ indicam que o lobista foi contratado para atuar para a J&F, segundo informou agora o jornalista Aguirre Talento, do Estadão. A esposa de Andreson, advogada Mirian Ribeiro Gonçalves, também investigada no esquema de venda de decisões, foi constituída como advogada em diversos processos do grupo J&F, que controla inúmeros negócios, de banco à gigante JBS.

A JBS informou que os pagamentos seriam referentes a “honorários” e que o escritório não presta mais serviços à empresa. “Qualquer pagamento feito ao escritório da advogada se refere a honorários – êxito ou pró-labore – em processos da empresa. Todos os serviços possuem efetiva comprovação nos autos desses procedimentos. O escritório não presta mais serviços para a JBS”, informou a empresa.

Os irmãos Joesley e Wesley Batista têm sido figuras frequentes no noticiário policial, apesar de bilionários. Foram alvos da Operação Lava Jato e até fizeram um acordo de delação premiada, quando chegaram a delatar o atual presidente Lula (PT), apontado como beneficiário de contas milionárias na Suíça. O então diretor jurídico Francisco de Assis também aderiu ao acordo na época e disse ter feito pagamentos a um advogado com o objetivo de cooptar um procurador da investigação.

“Pessoal do Zé Mineiro”

A PF em relatório cita um dos diálogos de Andreson que envolvem a JBS e reforçam a necessidade de investigar. “No diálogo, além de mencionar cifras expressivas, denota-se que Andreson destacou que o processo estava ligado ao ‘pessoal do Sr. Zé Mineiro’, em referência a José Batista Sobrinho, fundador da JBS, maior empresa do setor de carnes do mundo e pai de Joesley e Wesley Batista, empresários amplamente conhecidos por episódios de repercussão nacional”, diz a PF.

Em outra conversa, Andreson disse ter recebido R$19 milhões do grupo por causa da atuação em um processo no STJ. O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) ainda detectou transferências de R$15 milhões da JBS para o escritório de Mirian.

“Diante da quantidade de informações que apontam para a relação de Andreson e Mirian Ribeiro com o Grupo JBS e a complexidade desses elementos probatórios, consigna-se que essa vertente será mais bem aprofundada em procedimento investigativo autônomo”, escreveu a PF.

DP

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