Coçar os olhos pode parecer um gesto inocente, mas envolve vários riscos; veja como preservar a saúde ocular
Um ato na maioria das vezes banal e até automático, coçar os olhos de forma frequente, pode trazer problemas ou ser o sinal de que algo não está bem na saúde ocular. O motivo da coceira no olho pode ser algo passageiro e simples, como a presença de um corpo estranho, uma exposição a fatores que causam irritação e alergia, e até mesmo algo mais sério, como uma inflamação, síndrome ou doença ocular como o ceratocone, que afeta cerca de 150 mil pessoas por ano no Brasil. É importante não menosprezar qualquer sinal anormal nos olhos e procurar um oftalmologista para uma investigação mais detalhada.
“Coçar os olhos de forma frequente ou intensa pode causar microtraumas na superfície ocular, favorecer infecções e até mesmo acelerar alterações na curvatura da córnea, como no caso do ceratocone”, afirma Paulo Segundo, oftalmologista do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL). Além disso, completa, pode romper pequenos vasos, provocar vermelhidão, edema (inchaço) nas pálpebras e, a longo prazo, prejudicar a visão.
O prejuízo para o globo ocular pode acontecer de várias maneiras. Se houver alguma partícula no olho, a fricção produz atrito nos tecidos e favorece processos inflamatórios. Quando é aplicada muita pressão e o olho é coçado com frequência, a longo prazo, existe até o risco de descolamento da retina. A situação ainda pode se agravar caso as mãos estejam sujas durante o ato de esfregar os olhos com força exagerada.
O oftalmologista afirma que há alguns sinais de alerta, indicadores de que a coceira ou o desconforto ocular já podem estar relacionados a um problema de saúde mais sério. Entre eles: coceira persistente e intensa, vermelhidão frequente, sensação de visão borrada ou distorcida, maior sensibilidade à luz (fotofobia) e dificuldade crescente para enxergar de longe ou de perto, mesmo usando óculos. Em algum desses casos, é recomendável a procura de uma avaliação profissional.
Pra ficar de olho
A coceira nos olhos também pode ser sintoma de variados problemas. Entre eles, algum tipo de alergia, provocada por comida ou por fatores ambientais, como poeira, pelos ou fumaça, conhecida nesses casos como “conjuntivite alérgica”. O uso prolongado de lentes de contato pode ressecar os olhos e causar coceira – vale ressaltar que o acúmulo de resíduos nas lentes pode aumentar a irritação ocular.
A temida conjuntivite também é um problema comum. A inflamação da membrana é uma doença altamente contagiosa e pode ser viral, bacteriana ou alérgica. Já a chamada ‘síndrome do olho seco’ é uma condição ocular crônica que ocorre quando as estruturas oculares são incapazes de produzir lágrimas suficientes ou quando elas evaporam de forma rápida, levando a problemas de lubrificação do globo ocular.
Já a fadiga ocular ocorre quando há uma sobrecarga nos músculos dos olhos, geralmente provocada por fatores como excesso de tempo em frente às telas de computador ou celular, leitura em ambientes com pouca iluminação, ou mesmo dirigir em condições adversas de luminosidade ou clima.
O famoso terçol é a inflamação em uma pequena glândula na pálpebra causada por bactérias, seborreia e acne, que resulta em uma espécie de caroço – é incômodo, mas desaparece sozinho após alguns dias. Já a blefarite é um tipo de inflamação que afeta diretamente as pálpebras e pode ser causada por infecção bacteriana, crises alérgicas, rosácea e mau funcionamento das glândulas da região dos olhos; entre os sintomas, há descamação da pele ao redor dos olhos e perda dos cílios.
Para aliviar a coceira em caso de irritação forte, Paulo Segundo recomenda alguns procedimentos, como o uso de colírios lubrificantes (sempre orientados pelo médico); a aplicação de compressas frias sobre as pálpebras fechadas; o tratamento adequado de alergias, evitando exposição a poeira, fumaça ou ambientes muito secos; e evitar levar as mãos aos olhos sem antes higienizá-las adequadamente.
Ceratocone
Uma das doenças oculares mais verificadas é o ceratocone, que atinge cerca de 150 mil pessoas anualmente no Brasil, de acordo com dados do Ministério da Saúde. É caracterizada pela curvatura e afinamento progressivo da córnea, o que pode levar à perda significativa da visão. Paulo Segundo explica que o problema tem origem multifatorial. Entre as principais causas estão predisposição genética (histórico familiar), hábito de coçar os olhos de forma crônica, doenças alérgicas como rinite, asma e alergia ocular.
Entre os primeiros sinais e sintomas que indicam o desenvolvimento da doença estão: visão que vai ficando embaçada ou distorcida, maior dificuldade para enxergar à noite, necessidade de trocar de óculos com frequência e percepção de halos ou reflexos ao redor das luzes.
TN
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