Sem verba, MEC vai comprar só livro de Português e Matemática
Em razão da falta de verba, o governo Lula (PT) comunicou às editoras que não poderá comprar no prazo todos os livros didáticos necessários para o próximo ano letivo. Segundo o Ministério da Educação (MEC), crianças do 1° ao 5° ano do ensino fundamental vão dispor, inicialmente, somente dos materiais de Português e Matemática, e as obras das demais disciplinas só deverão ser disponibilizadas posteriormente. O Ensino Médio e a EJA (Educação de Jovens e Adultos) também serão afetados, e estima-se que o problema possa atrasar a rotina escolar em seis meses.
De acordo com a Abrelivros (Associação Brasileira de Livros e Conteúdos Educacionais), a situação nunca foi tão crítica. Isso porque o cronograma de compra de parte dos 240 milhões de livros que deveriam ter sido entregues em 2022, 2023 e 2024 foi adiado.
No caso do primeiro ciclo do ensino fundamental, somente 23 milhões das 59 milhões de obras para o próximo ano letivo foram solicitadas. Do 6° ao 9° ano, apenas 3 milhões dos 12 milhões de exemplares necessários serão comprados no prazo. No Ensino Médio, só 60% da demanda pelos 84 milhões de livros deve ser atendida no prazo, enquanto na EJA os 10 milhões de livros esperados ainda não foram encomendados.
– É realmente muito preocupante. A escola pública é a maior ferramenta de ascensão social que temos. Não podemos tratá-la de qualquer maneira (…) É a primeira vez que vejo a compra só de Português e Matemática. Seria desastroso para os alunos – disse José Ângelo Xavier de Oliveira, presidente da Abrelivros, à Folha de S.Paulo e ao jornal O Globo.
De acordo com ele, o orçamento disponibilizado é de R$ 2 bilhões. Contudo, para comprar todas as obras previstas, seria necessária uma verba de R$ 3,5 bilhões, segundo estimativa do próprio governo.
Para a associação, uma possível solução é dividir a compra dos 84 milhões de exemplares do Ensino Médio, adquirindo 60% neste ano, e 40% no próximo. Contudo, isso levaria a um atraso de cerca de seis meses no cronograma escolar.
– Não está claro o que o MEC priorizaria nesses 60%. Numa reunião, falaram em garantir livros aos estados mais distantes. Mas como deixar Rio, São Paulo e Minas sem material? É uma encruzilhada difícil – ponderou Xavier.
O MEC, por sua vez, se pronunciou dizendo que foi preciso adotar a “compra escalonada como estratégia para o ensino fundamental”, em razão do “cenário orçamentário desafiador”. A pasta afirma que “as compras para a EJA, cuja licitação está em fase final, estão garantidas”, enquanto as “estratégias para o Ensino Médio serão definidas na sequência”.
pleno.news
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