12/05/2025

O DESAFIO DO NOVO PAPA - POR J. R. GUZZO

O desafio do novo papa é lidar com a evasão de fiéis

A Igreja tem um novo papa, e todos os especialistas, compreensivelmente, fazem os seus melhores esforços para explicar que tipo de mudança isso pode trazer — ou se haverá mesmo, no fim, alguma mudança. De novo, o que sai desses labores interpretativos é uma fotografia desfocada.

O papa tem muita importância, é claro, ainda mais sendo ele um norte-americano, coisa que ocorre pela primeira vez em 2000 anos de história da Igreja. Mas o que interessa, mesmo, não é bem o que vai acontecer no Vaticano, e sim o que está acontecendo com os católicos.

Igreja, para ser alguma coisa, tem de ter fiéis — e a Igreja Católica, há anos, vive um problema evidente de evasão. Não temos a evasão escolar, a evasão fiscal e outras evasões disso e daquilo? Pois então: a Igreja sofre com a evasão constante de público, e as trocas de papa não têm alterado em nada essa tendência.

Da mesma forma, as sucessivas promoções e remoções de cardeais, bispos e arcebispos não têm levado mais gente para a missa. Os clérigos mudam, falam e dão ordens. Mas estariam os fiéis interessados no que estão ouvindo?

A eleição de Leão XIV para o trono de São Pedro parece ter passado ao largo dessa questão, como ocorreu com os seus antecessores no posto. O novo papa será de direita, de esquerda ou nem de uma e nem de outra? Ele é norte-americano — mas é norte-americano tipo Trump ou anti-Trump?? Leão XIV é naturalizado peruano. Seria, então, mais um papa do Terceiro Mundo? O que ele acha do casamento gay, de deixar as mulheres serem padre e da “mudança climática”? É a favor da imigração ilegal? É contra a pedofilia ou passa pano?

O que esperar do novo papa

Só não se quis saber de Leão XIV uma coisa: o que ele realmente acha de religião. Mas é aí, justo aí, que está o nó de marinheiro da Igreja Católica hoje em dia. Cada vez mais gente vai deixando de olhar para ela como um lugar de encontro para o ser humano tratar de questões espirituais — em vez disso, é cada vez mais uma organização política. Espera-se do catolicismo cada vez menos comunhão, batismo e ora-pro-nóbis. Espera-se cada vez mais que o padre diga em quem você deve votar, como deve se comportar e o que tem de pensar.

Mas seria isso, realmente, que os fiéis estão esperando do catolicismo? É o que a grande hierarquia da Igreja tem de resolver daqui para frente — como já precisaria ter resolvido e ainda não resolveu. O católico quer instruções políticas ou cuidados para sua alma? Quer orientação espiritual ou um sindicato dos bispos? Quer tratar do seu senso moral ou ouvir discurso do vigário com bandeirinha da Palestina? O muçulmano está em harmonia com a sua religião. O evangélico também. O católico não está.

Nenhum comentário: