Prefeito Ricardo Nunes critica proposta de Lewandowski sobre PF regular PM: "Não vamos admitir"
Em entrevista concedida ao programa Manhã Bandeirantes, da Rádio Bandeirantes, nesta segunda-feira (15), o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), criticou a proposta do ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, que pretende atribuir à Polícia Federal o papel de regulamentar e fiscalizar as atividades das polícias estaduais, como a Polícia Militar e a Polícia Civil. Para o prefeito, a medida representa uma interferência indevida na autonomia das forças estaduais e municipais.
“A gente que está no dia a dia precisa ser ouvida. Acredito que o ministro Ricardo Lewandowski irá nos escutar, porque eu e o Tarcísio é que estamos na linha de frente, lidando com a realidade. A Polícia Militar e a Polícia Civil já têm suas corregedorias — não é necessário que outra instituição venha mandar nelas”, afirmou Nunes durante a entrevista.
O projeto do ministro Lewandowski, ainda em fase de elaboração, visa estabelecer um sistema nacional de regulação das forças policiais brasileiras, com a Polícia Federal como órgão central de fiscalização e controle. A ideia é padronizar condutas, supervisionar investigações e garantir maior integração entre os órgãos de segurança pública. A proposta, no entanto, tem enfrentado resistência por parte de governadores, prefeitos e comandantes de polícias estaduais, que enxergam a medida como uma centralização excessiva de poder.
“Não entendo por que a Polícia Federal gostaria de interferir nas demais forças. Nós não vamos admitir isso, até porque não tem o menor cabimento. Chega a ser um desrespeito com todos os policiais municipais das cidades do Brasil. Isso não é nenhum demérito à Polícia Federal, mas acredito que eles já têm muito trabalho e deveriam focar nisso, deixando os policiais militares fazerem o trabalho deles”, completou o prefeito.
Durante a entrevista, Ricardo Nunes também destacou os resultados do programa Smart Sampa, uma iniciativa da Prefeitura de São Paulo em parceria com a Secretaria Municipal de Segurança Urbana, que utiliza tecnologia de ponta para auxiliar no combate à criminalidade. O sistema integra câmeras de monitoramento com reconhecimento facial, leitura de placas de veículos e análise de dados em tempo real para identificar suspeitos e veículos procurados.
“Hoje, a segurança é a maior preocupação da população. Por isso, investimos no Smart Sampa para ajudar na captura de ladrões e foragidos. Recentemente, alcançamos a marca de mil pessoas localizadas com a ajuda do Smart Sampa — inclusive, a milésima foi um estuprador de vulnerável. Quando que iriam prender mil foragidos em seis meses se não fosse pela tecnologia do Smart Sampa?”, questionou.
De acordo com o prefeito, o sistema tem se mostrado eficaz na redução de crimes e na agilidade das ações de segurança pública em áreas críticas da cidade. Ele, no entanto, ressaltou que a responsabilidade sobre a manutenção das prisões está nas mãos da Justiça: “Estamos fazendo a nossa parte. Agora, se a Justiça vai manter essas pessoas presas, aí já não é com a gente. Estamos fazendo de tudo para atuar da melhor forma possível.”
O embate entre autonomia das polícias estaduais e a proposta de centralização da Polícia Federal deve seguir como um dos principais temas na agenda de segurança pública nacional nos próximos meses.
Band
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