31/01/2025

'SÓ REFORMA MINISTERIAL NÃO SALVARÁ O GOVERNO' - DIZ LIRA

Lira defende reforma ministerial, mas avalia que isso ‘não salvará’ o governo Lula

A um dia de deixar o cargo, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), reforçou críticas à articulação e à organização do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na avaliação dele, apenas uma reforma ministerial, trocando cargos do primeiro escalão, não será suficiente.

A fala foi feita em entrevista ao O Globo publicada nesta sexta-feira (31). Lira afirmou é um “fato” a necessidade de uma reforma ministerial. De acordo com ele, na organização original de Lula, feita no final de 2022, "o Senado ficou mais prestigiado que a Câmara e, no final, a Câmara votou mais fácil com o governo do que o Senado”.

“Existem partidos que estão menos representados e dão mais votos. O governo deve ajustar isso, se entender que é a maneira de conseguir apoios. Deve haver arrumação de baixo para cima. Só em cima, não salvará, não resolverá. O Lula é um animal político muito experiente, mas não pode estar na linha de batalha. Tem que ter gente brigando”, declarou.

Ele definiu que essa organização terá que ser feita "do primeiro andar para a cobertura” porque “não adianta mudar só a cobertura”. “O primeiro andar é a economia, emprego, inflação. É o sentimento popular, se há alguma coisa melhorando a vida. Depois (no segundo andar) tem a credibilidade política. O governo está com déficit, com dificuldades no Parlamento, na relação institucional. É preciso solucionar”.

Ao comentar especificamente sobre a articulação política, o presidente da Câmara citou que há um “desencontro” e falta “sintonia” do “governo com o próprio governo, entre áreas do governo”. A articulação é chefiada pelo ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, com quem Lira acumulou entraves.
Mudança de Poder e eleições 2026

Ainda na entrevista, Lira desconversou se aceitaria um cargo de ministro no governo Lula. Ele é ventilado para comandar o Ministério da Agricultura, mas disse que não houve conversas sobre o assunto. “Eu não falo sobre conjecturas. O “se” não existe. Nunca tive conversas com Lula sobre ministério, nem com nenhum membro do governo”.

O presidente da Câmara não soube responder se seu partido, o PP, pode apoiar Lula em uma eventual tentativa de reeleição em 2026. Para Lira, hoje Lula e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) são os “únicos candidatos da esquerda e da direita”.

“É assim que vejo. Bolsonaro está tão inelegível quanto Lula esteve preso em 2018. A nossa Constituição traz brechas para isso. A decisão de apoiar um ou outro precisa ser muito amadurecida”, afirmou. Sobre o próprio futuro, Lira acrescentou que há possibilidade de disputar o Senado ou um cargo no Executivo de Alagoas.
Emendas parlamentares e Chiquinho Brazão

Alvo de impasses nos últimos meses, com decisões do Judiciário que travaram pagamento, as emendas parlamentares viraram “disputa de poder” e as discussões sobre o assunto vão “perdurar por algum tempo”, segundo Lira. Ele negou que esses recursos já tenham tido caráter secreto e declarou que não se pode "criminalizar a indicação parlamentar”.

O presidente da Câmara também afirmou que "não houve motivo específico” para que o processo de cassação do mandato do deputado Chiquinho Brazão (Sem partido-RJ). “O caso está pronto, logo irá a plenário”, declarou ao O Globo. Brazão está preso desde março de 2024. Ele é suspeito de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco (Psol-RJ).

O Tempo

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