Fratura exposta no Supremo
Brasil vive uma ficção tóxica, perigosa e mal-intencionada. Tivemos, no passado, momentos de alucinação coletiva como o da “Maioridade”, por exemplo — combinou-se, então, que dom Pedro II ficaria maior de idade aos 13 anos, para que pudesse assumir as funções de imperador do Brasil. Uma criança não pode ser transformada em adulto por despacho administrativo, assim como não existe o homem que corre a 100 quilômetros por hora. Mas os sócios proprietários do Brasil na época decidiram que era uma excelente ideia para fazer “avançar a história” — e, pronto, eis o Brasil com as suas instituições perfeitamente em ordem, a “governabilidade” garantida e um imperador que hoje não poderia trabalhar, pois estaria sob a proteção do Estatuto da Criança e do Adolescente. A ficção da “Maioridade” vira uma brincadeira inocente, porém, quando é comparada com o embuste maciço que o Supremo Tribunal Federal está aplicando na sociedade para impor um governo ilegal ao Brasil. Dom Pedro, pelo menos, ia se tornar maior de idade com o passar do tempo. O STF quer fingir para sempre que o país vive num “estado democrático de direito”.
Muita gente faz de conta que acredita nisso, no mundo político, na mídia e nas classes intelectuais; há, inclusive, os que acreditam mesmo. É a velha história: a melhor maneira de impedir que um prisioneiro fuja da prisão é convencê-lo de que ele não está preso. No Brasil de 2023 o STF, em parceria plena com o governo Lula, tenta convencer o público de que ele não está vivendo num estado de exceção cada vez mais totalitário. O tribunal e o sistema de propaganda que mantém na mídia, junto aos influencers e nos grupos de esquerda sustentam que para salvar a democracia é preciso agir como numa ditadura. Se não for assim, os “fascistas” vão aproveitar as leis, os direitos individuais e as liberdades públicas para cometer atos antidemocráticos — como votar em candidatos de sua escolha, apresentar suas opiniões nas redes sociais ou exigir urnas que permitam eleições realmente limpas. Pode ser até que ganhem a eleição, como aconteceu há pouco na Argentina. O consórcio STF-Lula acha que isso é um risco inaceitável — e colocou o sistema legal no estado de coma que existe hoje. É o “novo normal” da democracia brasileira.
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