27/11/2023

SAÚDE: MAIS DE 13 MILHÕES DE PESSOAS CONVIVEM COM DIABETES NO BRASIL - ENTENDA

No Brasil, mais de 13 milhões de pessoas vivem com o diabetes

O Brasil é o 5º país do mundo em incidência de diabetes. É também o segundo em mortes por diabetes tipo 1 não diagnosticada, evidenciando que apesar dos números alarmantes, boa parte da população não se cuida, não se informa, e desconhece os perigos da doença. O diabetes é um problema crônico onde há diminuição nos níveis da insulina no organismo, ou uma resistência à sua ação. Se não for controlada, a doença pode causar uma série de outras complicações. São mais de 13 milhões de pessoas vivendo com a doença no País.

O processo silencioso da doença no organismo é provavelmente o que mais dificulta sua prevenção e diagnóstico, segundo Tadeu Alencar, presidente da Sociedade de Endocrinologia no Rio Grande do Norte. “Ter a glicose alta no sangue não causa dor, não causa sintoma nenhum, portanto fica muito difícil dizer que daqui a anos a pessoa vai ficar doente, que terá sequelas, se ela não está sentindo nada no momento”, diz, explicando a negligência comum que costuma envolver a doença.

O endocrinologista explica que 7,5% da população brasileira é diabética, mas só metade dessas pessoas sabe que tem a doença. “Por isso a nossa pressa em fazer as campanhas de diagnóstico, fazer com que as pessoas saibam antes que são diabéticas para que elas possam ter a oportunidade de evitar as complicações que podem vir disso”, diz. O infarto e o AVC são as maiores causas de morte entre diabéticos.

O diabetes se apresenta de várias formas e possui diversos tipos diferentes. “Quando a pessoa já é diabética e começa a ter alguma sequela, ela pode apresentar os sintomas clássicos, que é urinar muito, beber muita água, comer muito e emagrecer, ou seja, muita urina, muita sede, muita fome e mesmo assim emagrece. Estes são os sintomas clássicos de quem já é diabético e não está controlando”, explica.

Algumas pessoas podem apresentar pré-diabetes, condição que, segundo a Federação Internacional do Diabetes, atinge 15 milhões de brasileiros. É quando os níveis de glicose no sangue estão mais altos que o normal, mas não o suficiente para caracterizar um diabetes. Esse tipo da doença, se tratada de forma precoce e com mudança de estilo de vida, é possível evitar ou postergar o aparecimento do diabetes.

O diabetes que mais mata por motivos de não diagnóstico é o tipo 1. É um tipo autoimune, de causa pouco conhecida (pode ser hereditária), e que aparece geralmente na infância ou adolescência, mas pode ser diagnosticado em adultos também. O tratamento exige o uso diário de insulina e/ou outros medicamentos para controlar a glicose no sangue. Garantir a adesão do paciente ao tratamento é fundamental.

Já o diabetes tipo 2 é a mais prevalente entre a população. Mais de 95% dos diabéticos possuem essa variação da doença, segundo Tadeu. É o diabetes do adulto, do obeso, e também hereditário, causado por maus hábitos de vida e fatores genéticos. Está diretamente relacionado ao sobrepeso, sedentarismo, triglicerídeos elevados, hipertensão, e hábitos alimentares inadequados.

“Os outros diabetes juntos possuem uma porcentagem muito baixa entre a população, portanto não há tanto foco neles, Nossa atenção é sobre os tipos 1 e 2, basicamente”, enfatiza. Ao longo do tempo, os pacientes com diabetes, hipertensão e obesidade vão apresentando alterações nas artérias de todo o organismo, e isso pode levar ao aparecimento de placas nesses vasos.

As complicações macrovasculares, como infarto e AVC, são as mais comuns entre diabéticos. Mas há também as microvasculares, como ressalta Tadeu Alencar. Estas vêm do sistema nervoso periférico e dos vasos periféricos menores, podendo causar o “pé de diabético”, má circulação, amputação, e uma série de complicações.

Entre as doenças microvasculares há também as da retinopatia, que são a microvasculatura da própria retina, que afetam a visão; a microvasculatura também dos rins, que dão a nefropatia diabética, causando insuficiência renal, entre outros problemas.

Para levar uma vida normal com diabetes, é preciso adotar uma disciplina constante. “Se o paciente mantém a sua glicose estável e controlada, terá uma vida igual a qualquer outra pessoa, porque o seu corpo não vai tomar conhecimento que é diabético. A pessoa precisa apenas manter a sua taxa sempre controlada”, diz o médico.

Cuidados

Segundo a endocrinologista Alessandra Barreto, o diabético tem de duas a quatro vezes mais chances de ter doenças cardiovasculares, comparado com uma pessoa sem diabetes. “Todas as formas da doença podem provocar óbitos ou prejuízos na saúde do indivíduo, mas como o diabetes tipo 2 é o mais prevalente, em termos absolutos, é o que lidera quando o assunto é quantidade de óbitos entre os diagnosticados”, afirma.

Alessandra explica que para se ter uma vida melhor possível com diabetes, a primeira coisa é controlar a glicose, indo ao médico com frequência – geralmente a cada quatro meses – para otimizar as medicações e o controlar a doença. “É preciso controlar outros fatores de risco como hipertensão e colesterol alto. Também é bem importante ter um peso adequado para sua altura, praticando atividades físicas regularmente, e tendo uma alimentação saudável e equilibrada”, diz.

Já os adolescentes que têm o diabetes tipo 1 e não estão com a doença bem controlada, conforme a médica, podem ter complicações numa idade precoce. “Por isso, é muito importante o bom controle da glicemia. O adolescente obeso com diabetes tipo 2 deve ter como objetivo maior o controle do peso, pois isso melhora muito o controle do diabetes”, analisa.

É também possível se prevenir do diabetes. “O principal hábito para prevenir o diabetes tipo 2 (o mais comum) é manter um peso saudável , com rotina equilibrada de alimentação e atividades físicas. Não engordar ou perder peso, para quem já está acima do seu peso, é a melhor estratégia preventiva”, completa.

TN

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