24/06/2023

'LULA ESTÁ DESMONTANDO O BANCO CENTRAL' - DIZ EX-PRESIDENTE DA ENTIDADE, AFFONSO CELSO PASTORE

Pastore: ‘Lula está desmontando o BC"

As críticas do governo Lula ao Banco Central e ao seu presidente, Roberto Campos Neto, estão levando a um desmonte da reputação da instituição, avaliou o ex-presidente do BC Affonso Celso Pastore.

Os ataques à autoridade monetária são motivados pela manutenção prolongada da taxa básica de juro, a Selic, em 13,75% ao ano. Em defesa da autarquia, Pastore avalia que, ao centrar críticas no BC, o governo está destruindo uma instituição que conseguiu, “a duras penas, por competência de seus dirigentes, adquirir um respeito e uma credibilidade na economia mundial que são raros”. Para ele, “a discussão é de quem quer fazer um downgrade institucional do Banco Central”.

“Quando você começa a bater no presidente do BC, chamando ele de ‘aquele cidadão que lá está’, você está fazendo um ataque à instituição chamada Banco Central. Este governo está desmontando uma instituição. Eu quero deixar isso bem claro”, disse Pastore ao participar do 9º Seminário Anual de Política Monetária, promovido pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).

O ex-presidente do BC disse que “economistas precisam ter coragem de darem um grito em defesa de uma instituição que vem fazendo exemplarmente o seu trabalho”. “Temos que denunciar este governo que vem atacando esta instituição. Isto não é conduta que um estadista deveria ter”, disse Pastore.

“Espero que parem, espero que parem! Se abrirem uma meta mais alta maior, com intervalo maior, etc., o processo continua e isso será um resultado péssimo para a economia brasileira. Senhor presidente da República e senhores ministros, preservem a instituição. É obrigação de vocês preservarem a instituição chamada Banco Central do Brasil”, disparou.

O BC reduzirá a taxa básica de juros, a Selic, quando se sentir confortável para esse movimento, avaliou Pastore. “Simplesmente estamos discutindo quando o Banco Central vai começar a baixar, quando omitimos o que segura juros em nível alto, que é a politica fiscal expansionista”, declarou.
Segundo ele, o BC não deveria ser criticado por “fazer seu trabalho”. “Agora o juro, quando ele terminar de fazer o trabalho dele, vai estar muito alto”, disse. “Existe um erro crasso da política fiscal, não do Banco Central.”

O ex-presidente do BC criticou o desejo do governo de elevar a meta de inflação como solução para uma política fiscal. “Temos uma política fiscal errada, então vamos botar uma meta de inflação maior”, queixou-se Pastore. “Acho que a meta tem que ter nível semelhante aos outros países emergentes, em torno de 3%. Quanto ao intervalo, o Banco Central tem que mirar no centro, não em qualquer ponto do intervalo”, defendeu Pastore.

Quanto ao momento de início do ciclo de corte de juros, ele afirmou que não gosta de fazer projeções, mas deixou seu palpite: “Não vou dizer quando vai começar, mas acho que começa em agosto”.

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