O recado que o ex-ministro Dornelles fez chegar ao presidente Lula
Em conversas com interlocutores assíduos do presidente Lula, o ex-ministro Francisco Dornelles tem rememorado um episódio singular da gênese da Nova República. À guisa de informação, ele repete a história que resultou na escolha dos ministros militares de seu tio, o presidente Tancredo Neves. Revestido de prudência e cautela, o movimento esvaziou antecipadamente os poderes do comando militar de Joao Figueiredo, o último general do ciclo ditatorial.
Certo da vitória no colégio eleitoral em 15 de janeiro de 1985, Tancredo escolheu a tríade de ministros militares antes mesmo do resultado da eleição indireta ser proclamado. Num ato de mineirice explícita, desejava esvaziar especialmente o ministro do Exército Walter Pires, que à época dava sinais de descontentamento com a nova ordem vigente.
De imediato, anunciou o general Leônidas Pires Gonçalves, no Ministério do Exército; o Brigadeiro Moreira Lima, na Aeronáutica; e o almirante Henrique Sabóia, na Marinha. O anúncio retirou, de chofre, o poder dos comandantes que experimentavam o ocaso dos anos de chumbo.
No dia da posse de José Sarney, eram fortes os rumores de que Walter Pires iria tentar impedir o ato. Internado, Tancredo mandou avisar ao militar insurreto de que ele já havia sido exonerado e já não comandava a tropa.
A história já foi narrada a Lula como sugestão para se antecipar à escolha dos chefes militares e abortar qualquer assanhamento dos comandantes bolsonaristas. O presidente eleito, contudo, continua a achar desnecessário o movimento. Tem dito que ele próprio será o comandante-em-chefe das Forças Armadas, razão pela qual não haveria razões para a antecipação.
Diário do Poder
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