08/05/2022

QUEM AVISA AMIGO É: QUANDO NÃO MATA ALEIJA - POR DR. RICARDO SOBRAL

* Por Ricardo M. Sobral, advogado, encangador de grilo, mestre em canjica e pirão de peixe.

Quem for inexperiente, manicaca, abestalhado, portador do complexo de Édipo, ou não for do ramo ou não tiver nervos de aço, não se meta com rapariga, que se tora no meio.

Quando não mata, aleija.

O cabra tava com sobrepeso, fez os regimes da lua, do cachorro e outros mais do imaginário popular e nada de perder peso.

Procurou ajuda científica: endocrinologista, nutrologo, nutricionista, e nada de perder peso.

Mudou três vezes de academia e o pêndulo da balança não cedeu um milímetro no sentido anti-horário.

Frequentou terreiro de umbanda, apadrinhou-se com trinta e três pais de santo.

Sem sucesso.

Quando já estava decidido a fazer a cirurgia bariátrica, mesmo sem indicação médica, conheceu uma moça em uma batida de carro.

Visto de fora, o relacionamento era até bonito, ele, com sorriso tipo rio cheio: de barreira a barreira; ela, com gestos estudados e comedidos, apregoando aos quatro ventos que havia encontrado o "amor recíproco".

Viajar fazia parte das atividades profissionais do mancebo.

Daquela vez, o cabra chegou um dia antes do previsto, e foi correndo encontrar-se com ela na nova morada.

Encontrou-a na ponta dos dedos pendurada na língua de outro, bem mais velho.

O cabra ficou macambúzio, arriou os ombros pra frente, encurtou os passos, criou olheiras profundas, olhar perdido no horizonte.

Em quinze dias perdeu oito quilos.

Ficou pálido; melhor seria dizer transparente.

Ela, sem demonstrar o menor arrependimento, procurou consolá-lo, dizendo calmamente com voz aveludada:

- Amor, não há motivo para você ficar triste assim. O seu "pinto" é maior do que o dele.

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