25/02/2022

'RAPARIGA, VAI TOMAR NO C*' - DIZ SECRETÁRIO DE SAÚDE EM PE COM TÉCNICA DE ENFERMAGEM - A PEDIDO DO COREN PREFEITA APURA CASO

'Rapariga, vai tomar no c*': funcionária denuncia secretário de saúde em PE

A técnica em enfermagem Mayara Andrade, 25, denunciou o secretário de saúde de Amaraji, em Pernambuco, por ataques misóginos via aplicativo de mensagens. Em áudio vazado que circula nos grupos de profissionais da área e atribuído ao secretário José Roberto Nascimento, a vítima é ofendida com palavras de baixo calão e se comemora a demissão dela — Mayara foi afastada das funções após um episódio em que vacinas foram perdidas devido a uma queda de energia. O Coren-PE (Conselho Regional de Enfermagem de Pernambuco) repudiou os comentários e pediu a exoneração de Nascimento.

A Universa, Mayara contou que foi responsabilizada pelo problema com as vacinas e que isso gerou uma reclamação da prefeita do município, Aline Gouveia (PSB). Segundo a técnica em enfermagem, que foi contratada no início da gestão atual, em 2021, ela foi repreendida por Gouveia em público, na frente de outros funcionários, o que lhe causou constrangimento.

"Foi uma postura desnecessária. Perguntei se havia acabado, dei tchau e fui embora porque não gostei do constrangimento. Poderia ter me chamado em particular. Ela não gostou da forma como falei, se ofendeu. Depois disso, o secretário falou comigo e me aconselhou a me retratar, e isso aconteceu", explicou.

A funcionária conta que foi afastada das funções logo em seguida, e que o secretário ficou responsável por conversar com a prefeita sobre o episódio. "Aparentemente, estava tudo resolvido e ele [secretário] me pediu para que eu ficasse em casa. Disse que assim que tivesse um posicionamento da prefeita, entraria em contato comigo. Ele conversou com ela, mas não me procurou. Eu não fui demitida oficialmente. No último fim de semana, fui surpreendida com esse áudio que começou a circular nos grupos", disse.

De acordo com Mayara, a voz no áudio é do secretário José Roberto Nascimento. A gravação mostra uma voz masculina comentando o desentendimento de Mayara com a prefeita e argumentando que o afastamento foi correto. Ao longo do áudio, no entanto, o homem usa xingamentos e termos misóginos para ofender a funcionária.

"Eu acho que é assim, você tem que ter respeito pelo seu próximo, principalmente pelo superior. [...] Então, assim, se você é inferior àquele cargo, você tem que fechar o c* e bater continência e tratar o seu superior como superior. [...] Se você trata o seu superior como cachorro, você tem mais é que tomar no c*. [...] Eu quero que ela tome no centro do c* porque assim, eu tenho ódio da tal da rapariga. [...] Eu queria que todas as raparigas fossem colocadas num tonel e tocadas fogo em banha de porco", diz o homem na gravação.

Na sequência, as palavras de baixo calão são dirigidas diretamente a Mayara. "Pecou, tratou mal, tem que se fod*r mesmo, é bom que serve como exemplo. Toma no c*, Mayara. [...] Desempregada, vai tomar no c*. Mayara e quem quer que seja, entendeu?", continuou.

A técnica em enfermagem prestou queixa contra o secretário em uma delegacia na quarta-feira (23) . Procurada, a corporação disse que o boletim de ocorrência online foi validado e que a investigação fica sob a responsabilidade da delegacia de Amaraji.

Universa procurou o secretário José Roberto Nascimento por telefone, mas o gestor não atendeu as ligações e nem retornou as mensagens enviadas pelo WhatsApp.

Ofensas "flertam com discurso de ódio", diz Conselho Regional de Enfermagem

á a Prefeitura de Amaraji divulgou uma nota sobre o caso. No comunicado, a gestão municipal disse que "não concorda com qualquer tipo de lesão a direito individual, seja de servidores ou mesmo de qualquer cidadão". Além disso, a prefeitura informou que o fato não ocorreu no local e horário de trabalho, mas que merece apuração para que sejam tomadas as medidas cabíveis.

O Conselho Regional de Enfermagem de Pernambuco repudiou o conteúdo da gravação e ressaltou que "José Roberto usa um palavreado esdrúxulo, com intenção nítida de desmoralizar a profissional, proferindo expressões misóginas, machistas e homofóbicas, em uma fala repulsiva que flerta com o discurso de ódio".

O órgão acrescentou, também por meio da nota, que cobrou providência à prefeitura, que está dando assistência à funcionária e que cobrará o rigor máximo da lei como punição ao secretário.

UOL

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