21/09/2021

GIGANTE CHINESA DO SETOR IMOBILIÁRIO DERRUBA BOLSAS MUNDIAIS POR TEMOR DE CALOTE

Temor de calote da chinesa Evergrande derruba Bolsas mundiais; Ibovespa perde mais de 3 mil pontos

O medo de um calote da gigante do setor imobiliário chinês Evergrande e potenciais efeitos na economia da China mexem com Bolsas de Valores de todo o mundo e provocam um movimento de fuga de risco, com queda do petróleo e alta do dólar ante o real e outras divisas, nesta segunda-feira, 20.

O banco suíço Swissquote alerta para o risco de contágio para outras empresas do setor imobiliário no caso de um calote da Evergrande, que tem dívidas de mais de US$ 300 bilhões e só nesta viu suas ações caírem para o menor nível em 11 anos. Segundo a instituição, a companhia “deve entrar em default (calote) nesta semana e analistas têm advertido” para o potencial disso “sacudir os mercados financeiros”.

A Capital Economics diz, em relatório enviado a clientes, que as repercussões do “caso Evergrande” para o resto do mundo estão crescendo, mas avalia que a turbulência ainda não chegou à escala de “sustos” anteriores na China, como a guerra comercial com os Estados Unidos em 2018 e 2019 ou a desaceleração da economia do país asiático em 2015 e 2016.

Às 15h22, o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, estava nos 107.724,29 pontos, queda de 3,33% em relação ao fechamento de sexta-feira, aos 111.439,37 pontos. Na mínima do dia, o índice chegou aos 107.520,14 pontos. Já na abertura do mercado, o índice perdeu os 109 mil pontos – nível visto pela última vez no início de março. O dólar à vista subia 1,40%, cotado a R$ 5,3562, depois de bater em R$ 5,3613.

Em Nova York, às 14h26, o índice Dow Jones tinha queda de 2,26%, enquanto o S&P 500 e o Nasdaq perdiam 2,27% e 2,70%, nessa ordem. Na Europa, as Londres fechou em queda de 0,79%, Frankfurt perdeu 2,31% e Paris, 1,74%. A Bolsa de Hong Kong fechou em baixa de 3,3% sob efeito da Evergrande, enquanto os mercados acionários da China, do Japão, da Coreia do Sul e de Taiwan não operaram em função de feriados.

Na B3 a perda praticamente generalizada é puxada pelas ações de commodities. A Vale ON caía mais de 5%, espelhando a queda de 8,80% nos preços do minério, cotado a US$ 92,98 a tonelada – abaixo dos US$ 100 pela primeira vez em mais de um ano. CSN ON também recuava, 5,03%.

Entre as maiores perdas do Ibovespa, PetroRio cede 9,32%, à frente de Braskem (-7,20%) e de Via (-6,97%). As perdas entre os grandes bancos chegam a 4,14% (Bradesco ON), enquanto Petrobras ON e PN perdem respectivamente 2,90% e 3,69% na sessão.

“O mercado está cauteloso, se preparando para o pior. Se não acontecer nada, melhor”, avalia o economista Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria. Segundo ele, a reação dos mercados é porque os investidores sentem que podem ter algum contágio tanto por meio do setor financeiro quanto por parte da dívida com estrangeiros, num momento em que a China dá sinais de desaceleração, com queda de commodities, o que afeta países como o Brasil.

A Evergrande já avisou credores que não conseguirá cumprir os pagamentos de juros da dívida com vencimento nesta segunda. “O mercado de crédito da China é muito ligado ao imobiliário, e a situação da maior construtora local poderia causar um temor ainda maior, contaminando outros setores como o financeiro”, escreve em nota Julia Aquino, especialista em investimentos da Rico Investimentos. Além disso, a China, a maior importadora de minério do mundo, segue impondo restrições à produção de aço no país, acrescenta.

Apesar dos temores, a agência classificadora de risco S&P Global Ratings afirma que um eventual calote da Evergrande não gerará uma onda de falências nem terá repercussões leves, mas gerará uma situação intermediária.
Entenda a crise da Evergrande

Além da cautela com as questões relacionadas à China, o mercado também espera pela reunião de política monetária dos Estados Unidos, na próxima quarta-feira, 22. Em meio a dados com resultados mistos no país, a grande dúvida de investidores é quanto a uma indicação sobre a retirada dos estímulos à economia, o chamado tapering.

Estadão

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