21/07/2021

RN: MUSEU DA MÚSICA POTIGUAR TEM CONFIRMADA SUA CRIAÇÃO

Confirmada a criação do Museu da Música Potiguar Brasileira

Um lugar para guardar, exibir e contar a história da música do Rio Grande do Norte. Foi confirmada nesta semana a criação do Museu da Música Potiguar Brasileira, que será instalado no prédio neoclássico da antiga Junta Comercial do Estado, na Ribeira. A iniciativa do governo estadual pretende elaborar um mostruário abrangente e profundo da produção sonora do RN, passando por todas as gerações de músicos, e despertando o interesse de nativos, turistas, estudiosos e apreciadores de música em geral.

O prédio, que também abrigou o Procon estadual, foi inaugurado em 1930 para ser a Recebedoria de Renda, sendo tombado em 1992. A construção faz parte de um conjunto arquitetônico de alto valor histórico, ao lado do TAM, do Museu de Cultura Popular e da antiga Faculdade de Direito, na Praça Augusto Severo. “Quantos compositores populares fantásticos precisam estar aqui?”, enfatizou o professor Diógenes da Cunha Lima, que esteve no local com a governadora Fátima Bezerra durante o lançamento do projeto, no dia 19/07.

São muitas as canções na memória e no acervo pessoal de Leide Câmara, pesquisadora que terá um importante papel na elaboração do futuro museu.

Autora do Dicionário da Música do Rio Grande do Norte, Leide possui um seleto acervo da memória potiguar da música, fruto dos muitos anos nos quais pesquisa o assunto, garimpando preciosidades, e resgatando contribuições musicais apagadas pelo tempo.

Segundo Leide, será possível conhecer a música potiguar em todos os gêneros, segmentos e desdobramentos, dos cantadores do sertão às bandas de rock. “Vamos contextualizar tudo. Desde o que foi gravado aqui, até o que foi gravada dos potiguares por grandes nomes nacionais, como Tom Jobim e João Gilberto. Os músicos daqui e com quem tocaram ou gravaram. Tudo estará registrado”, diz. O museu também vai mostrar a evolução das mídias, desde os discos de 78 rotações até os compactos, fitas cassete, LPs e CDs, passando pelos instrumentos de alguns músicos.

O acervo da pesquisadora possui seis mil músicos catalogados, incluindo artistas de épocas mais remotas, que não tiveram a oportunidade de gravar material. O museu deverá resgata-los da oralidade e mostrar suas obras. “É muito importante ter o mapeamento de nossa produção. O museu nos dará a possibilidade de visualizar isso, de poder ter uma visão do todo. Todos verão o que o RN deu ao Brasil”, afirma.

Homenagens

Na lista de homenageados estarão o violoncelista Aldo Parisot, que foi professor por mais de 60 anos da Escola de Música de Yale e homenageado pela ONU; o maestro Tonheca Dantas; o pianista Oriano de Almeida; o compositor Janduí Filizola; a rainha do chorinho Ademilde Fonseca; Trio Irakitan; Núbia Lafayete; Hianto de Almeida; Terezinha de Jesus; Elino Julião; Leno, da dupla Leno e Lílian; Antônio Madureira, do Quinteto Armorial; e Carlos André, produtor de Luiz Gonzaga, entre outros.

A pesquisadora vê o museu como um projeto singular, já que o RN é um estado que tem mais de um século de memória musical registrada. “A importância desse projeto está em poder mostrar às gerações o que foi e o que é a nossa história musical, os instrumentos, as formas de gravação, as partituras, a sociologia da época retratada por cada música", declarou. Segundo ela, a governadora deseja que o projeto comece o mais rápido possível. “O prédio ainda está ocupado, e deverá passar depois por uma revisão. O importante é que o local já está definido”.

Divisor de águas

A comunidade musical, claro, recebeu a notícia com entusiasmo. O cantor e compositor Pedro Mendes acredita que o museu pode ser um divisor de águas na exposição da música potiguar. “Nossa produção é riquíssima, mas ainda não tem grande presença no contexto nacional. O museu pode mudar isso”, diz. O músico também espera que a casa vá fundo nas raízes. “É preciso mostrar que a nossa música não começa com Tonheca Dantas. Antes disso tem os folguedos, as rodas, as músicas dos índios e dos negros. Tem que falar de Chico Antônio, Zé da Barra, Zé Menininho, e tantos outros”, afirma.

A cantora Dodora Cardoso vê o museu como uma forma de exaltar as raízes da música potiguar e contribuir para influenciar as gerações mais novas.
“Tenho mais de 40 anos de carreira, e nunca almejei sair do RN para fazer sucesso. Acho que tudo que precisamos está aqui, e um museu sobre nossa música é um atestado dessa qualidade”, afirma. Dodora também acha que o museu fará justiça a grandes nomes esquecidos, como Gilson Vieira, que fez sucesso com “Casinha Branca” e “Verdade chinesa”.

Clara Pinheiro, que pertence a um segmento mais contemporâneo da cena musical natalense, espera que o museu apresente melhor a cultura potiguar para os próprios potiguares. “Conhecemos pouco a nós mesmos. Espero que o museu seja um projeto de circulação de cultura e que contemple não só o turista, mas também o próprio potiguar. Se tiver o olhar sensível para isso, promete ser incrível”, conclui.

TN

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