20/10/2018

ARÁBIA SAUDITA: COMUNICADO ADMITE QUE JORNALISTA ESTÁ MORTO

Arábia Saudita admite que jornalista Jamal Khashoggi está morto

Jamal Khashoggi, jornalista crítico ao governo da Arábia Saudita, desapareceu após entrar no consulado do seu país em Istambul  — Foto: Mohammed al-Shaikh/AFPO canal de notícias estatal saudita Al Ekhbariya transmitiu um comunicado na madrugada deste sábado (20, pela hora local) segundo o qual resultados preliminares da investigação sobre o jornalista Jamal Khashoggi indicam que ele está morto.

Segundo o governo saudita, uma briga teria ocorrido entre Khashoggi e pessoas que estavam no consulado saudita em Istambul e, por isso, ele acabou morrendo.

O comunicado informou ainda que 18 cidadãos sauditas foram presos em decorrência do caso. Ahmed Al Asiri, chefe de inteligência saudita, e o conselheiro real Saud Al Qahtani foram retirados de seus cargos.

O rei Salman ordenou ainda a reestruturação do comando da agência geral de inteligência sob a supervisão do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, de acordo com a agência oficial da imprensa saudita.

Jamal Khashoggi, jornalista saudita crítico ao governo de Riad, era considerado desaparecido desde o dia 2 de outubro, depois que entrou no consulado de seu país em Istambul.

Segundo a BBC, o jornalista esteve no consulado saudita em Istambul pela primeira vez em 28 de setembro, para obter um documento certificando que havia se divorciado da ex-mulher, mas foi informado na ocasião de que teria que voltar outro dia. Ele precisava do documento para se casar com a sua noiva turca, Hatice Cengiz.

Khashoggi marcou o retorno para 2 de outubro e chegou às 13h14 no horário local - o compromisso estava marcado para as 13h30. Sua noiva ficou aguardando do lado de fora e, a pedido dele, ficou com seu telefone celular e a instrução de que deveria telefonar para um assessor do presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, se ele não voltasse.

Hatice esperou por mais de 10 horas fora do consulado e retornou na manhã do dia seguinte, uma quarta-feira, e Khashoggi ainda não havia reaparecido.

Desde o início do caso a imprensa turca acusava autoridades sauditas de terem assassinado Khasoggi dentro do consulado, mas a Arábia Saudita sempre negou e, até esta sexta, nunca tinha admitido que o jornalista estava morto.

O jornal turco "Yeni Safak" inclusive publicou o que dizia ser o conteúdo de gravações feitas no interior do consulado. De acordo com a reportagem, Jamal teria sido torturado e decapitado por agentes sauditas. O veículo também afirmou que o assassinato durou sete minutos e que o corpo teria sido desmembrado ainda vivo.

Investigadores turcos estiveram mais de uma vez no consulado e também na residência oficial do cônsul saudita, e nesta sexta fizeram uma busca na floresta Belgrado, na margem europeia de Istambul.

G1

Nenhum comentário: