Assinatura falsa foi utilizada contra processo de cassação de Cunha
Os peritos consultados asseguram que a assinatura do deputado
Vinícius Gurgel (PR-AP), na carta em que ele renuncia à vaga de titular
no Conselho de Ética, documento entregue ao órgão por aliados de Cunha, é
uma falsificação “grosseira” e “primária”.
Gurgel, que é aliado e voto declarado a favor de Cunha, estava fora
de Brasília na noite do dia 1º de março e na madrugada do dia 2, quando oConselho de Ética aprovou por margem apertadíssima –11 votos a 10– dar sequência ao processo de cassação contra o presidente da Câmara.
Em um cenário em que cada voto era considerado decisivo, Cunha e
aliados queriam evitar que o suplente de Gurgel, um deputado do PT e
contrário a Cunha, votasse.
Para isso, era preciso que Gurgel renunciasse à vaga no Conselho, o
que abriria a possibilidade de o PR indicar outro deputado pró-Cunha.
De forma atípica, Cunha esticou naquele dia 1º uma esvaziada sessão
do plenário da Câmara até após as 23h, com pouco mais de dez aliados
presentes.
O objetivo era atrasar a votação no Conselho –que só poderia ocorrer
após o plenário encerrar as atividades– até que a operação para a troca
de Gurgel fosse concluída.
A carta de renúncia de Gurgel chegou ao Conselho às 22h40. Seis
minutos depois, chegava a indicação, para a vaga, do líder da bancada,
Maurício Quintella Lessa (AL), que votou a favor de Cunha.
A Folha encaminhou para a perícia cópia da carta de
renúncia de Gurgel e três assinaturas do deputado reconhecidamente
autênticas, dadas em outros documentos da Câmara dos Deputados.
O Instituto Del Picchia, de São Paulo, emitiu laudo afirmando que a
assinatura da carta de renúncia apresenta características “peculiares às
falsificações produzidas por processo de imitação lenta, quais seja,
imitação servil ou decalque”, com “inequívocos índices primários das
falsificações gráficas”.
Folha de São Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário