Cunha recebeu propina de obras da Olimpíada do Rio, diz Procuradoria
O deputado recebeu, segundo a Procuradoria-Geral da República, R$ 1,9
milhão em duas parcelas, sendo a primeira de R$ 1,5 milhão.
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, considera que a prática tenha transformado a Câmara em um “balcão de negócios”.
Para auxiliá-lo na empreitada, Cunha contou com a ajuda do então senador Francisco Dornelles (PP), atual vice-governador do Rio.
A informação consta do pedido de afastamento de Cunha feito
por Janot. O documento foi encaminhado ao ministro Teori Zavascki, do
STF (Supremo Tribunal Federal), e será analisado em fevereiro de 2016.
De acordo com o parecer elaborado por Janot, Dornelles fez emendas de
interesse de empreiteiras à Medida Provisória 584, que concede
benefícios fiscais a projetos ligados à Olimpíada.
As alterações propostas incluíam como beneficiários da isenção projetos em infraestrutura de transportes.
Para a MP 584, Dornelles apresentou 15 emendas. O vice-governador
seria, de acordo com Janot, “conhecido de longa data” de Cunha.
Antes da aprovação da medida, Cunha trocou inúmeras mensagens por telefone celular com Leo Pinheiro, diretor da empresa OAS.
“Muito bom o texto”, escreveu Cunha após a aprovação do projeto na
CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara. “Alcança todas as
obras do Rio”, comenta.
A OAS está envolvida em quatro obras para a Olimpíada: a construção
do Parque Deodoro (R$ 647,1 milhões); a revitalização da região
portuária (R$ 8,2 bi); a construção de reservatórios contra enchentes
(R$ 421 milhões) e a limpeza de lagoas da Barra da Tijuca (R$ 673
milhões).
A empresa tem quatro executivos presos após o início da Operação Lava Jato.
Cunha, a OAS e o governo do Rio não responderam ao contato da Folha.
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