Mariana, a dependência da mina que paga pouco à região que devastou
A tragédia de Mariana trouxe à tona novamente
os riscos da mineração para as áreas do entorno das minas ao mesmo tempo
que evidenciou a lógica de dependência econômica dessas cidades que
contam com a atividade como principal fonte de renda dos municípios. O
rompimento das duas barragens da Samarco, que contabiliza ao menos 7
mortos, 18 desaparecidos e causou danos incalculáveis, também deixou
claro que o retorno econômico que a mineradora dá a cidades, como
Mariana, se torna muito pequeno diante dos estragos gerados pela
atividade.
No ano passado, a Samarco, controlada pela Vale e pela australiana
BHP, pagou em royalties pela exploração em Minas Gerais cerca de 54
milhões de reais, sendo que desse total 20 milhões ficaram em Mariana. O
valor que a cidade recebeu não chega a 1% do lucro líquido da
mineradora em 2014, que chegou a 2,8 bilhões de reais. A quantia
repassada, no entanto, está dentro da lei. Segundo a legislação atual,
as mineradoras são obrigadas a repassar até 2% do seu faturamento
líquido de Compensação Financeira pela Exploração de Recursos (CFEM),
dos quais 65% fica com o município da mina, 23% com o Estado e 12% vai
para a União. A proporção é criticada por prefeitos de cidades
mineradoras que cobram uma compensação maior.
“Os valores são muito pequenos, irrisórios quando você avalia os
vários problemas que chegam junto com as mineradoras. São cidades
bastante castigadas pelo impacto das minas. Por isso queremos tanto que o
novo marco legal, discutido há anos, seja aprovado o mais rápido
possível no Congresso”, explica o presidente da Associação dos
Municípios Mineradores de Minas (AMIG) e prefeito de Congonhas, José de
Freitas Cordeiro (PSDB), o Zelinho. O projeto prevê que as mineradoras
paguem o dobro do percentual atual: os royalties passariam de até 2%
para 4%. Em comparação com outros países, os percentuais estão bastante
defasados. Na Índia, por exemplo, a alíquota do setor pode chegar a 10%.
El País
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