Operação Zelotes investiga suposta compra de medidas provisórias
A Polícia Federal (PF) investiga suposta negociação na
edição de três medidas provisórias (MPs) que beneficiaram empresas
investigadas na Operação Zelotes, que teve nova fase deflagrada
hoje (26). As informações constam nas decisões da juíza Célia Regina
Bernardes, da 10ª Vara Federal do Distrito Federal, que autorizaram as
buscas a apreensões.
A Zelotes investiga a manipulação de julgamentos do Conselho
Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), ligado ao Ministério da
Fazenda. A PF estima que foram desviados mais de R$ 19 bilhões.
Segundo o Ministério Público Federal (MPF), as empresas MMC
Automotores, representante da Mitsubishi no Brasil, e CAOA Montadora
Veículos, importadora da marca Hyundai teriam participado da “empreitada
ilícita”, junto com dois escritórios de consultoria. O MPF identificou o
“pontencial de propina pela aquisição” da Medida Provisória 471/2009,
que foi convertida na Lei 12.218/10.
A PF e o MPF informaram a juíza que a suposta negociação também é
investigada nas MPs 512/10, convertida na Lei 12.407/11 e 627/13,
convertida na Lei 12.973/14. As medidas concederam incentivos fiscais
para a indústria automotiva. Na parte da decisão que tive sigilo
retirado, a juíza não menciona quais agentes públicos teriam participada
da suposta negociação.
Segundo Célia Regina, o atual estágio das investigações permite
concluir que as empresas atuaram para anular os créditos tributários no
Carf e comprar legislação para beneficiar grupos privados. Na decisão, a
magistrada classificou os acusados como “pessoas para quem o crime é
meio de vida”.
“Está-se diante de indícios veementes de compra de legislação,
especificamente de prática criminosa que levou os envolvidos a obterem
“êxito na edição de mais uma medida provisória ‘sob encomenda’, mas
dessa vez não para obter algum tipo de incentivo benefício direto do
governo, mas com o sórdido objetivo específico”, afirma a juíza.
Em nota, a Caoa afirmou que nunca contratou qualquer pessoa física ou
jurídica para pagar qualquer importância para aprovar MPs. A empresa
também declarou que nunca foi favorecida em decisões do Carf, porque
perdeu os dois recursos impetrados no conselho.
A MMC declarou que colabora com as investigações da PF e do MPF, pois tem interesse em esclarecer os fatos.
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