Texto partilhado de Jadson Queiroz / Wagner Sarmento
Garçom, no bar e na doença, todo mundo é igual. E com ele, o Rei mais
plebeu de todos os impérios musicais, não seria diferente. A vida juntou
idade, cigarro e noitadas num mesmo verso e o pulmão, quintal do
coração, fraqueja como num brega-roedeira. Reginaldo Rossi luta pela
sobrevivência como a raposa luta pelas uvas e todo mundo que lembra com
muita saudade daquele bailinho torce pela saúde do homem cujo coração
voa mais que avião. O Rei, em décadas
empunhando o microfone, venceu a batalha contra o câncer do preconceito,
chaga das mais violentas. Fez o brega chegar aos garçons e às levianas,
em bom português, no universal inglês e até em francês pros mais
sofisticados. Provou que música não tem casta nem sotaque. Instituiu o
dia do corno, democratizou a lamúria e transformou um desabafo banal no
hino dos traídos. Cantou a cidade e a saudade, uma ilha e o mundo
inteiro. Historiador da vida alheia, fez do palco cabaré de todos nós,
desnudou almas, entronizou lágrimas e risos, casos e desilusões.
Reginaldo Rossi merece, em vida, todas as reverências. E, pra matar a
tristeza, só mesa de bar.
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