
As relações bilaterais entre Irã e Brasil não deverão ser afetadas pela sinalização do governo iraniano de que rejeitará a proposta de asilo político oferecida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva à mulher condenada à morte por apedrejamento no país. As informações são de assessores da Presidência da República. De acordo com eles, ao oferecer asilo, Lula demonstrou preocupação com os direitos humanos por meio de um gesto humanitário.
Diplomatas, que acompanham o processo, afirmaram à Agência Brasil ser natural e normal a reação do porta-voz do Ministério do Exterior do Irã, Ramin Mehmanparast, informando que havia desconhecimento de Lula sobre o assunto e chamando-o de emotivo.
Mas os diplomatas ainda confiam na possibilidade de reduzir a pena imputada a Sakineh Mohammadi Ashtani, de 43 anos - condenada à morte por apedrejamento no Irã sob acusação de adultério por ter supostamente mantido relações sexuais com dois homens, depois de perder o marido. Ashtani e a família negam as denúncias.
Para os assessores de Lula, se houver a redução da punição à mulher, o apelo do presidente terá surtido efeito. Eles afirmam ainda que nas relações bilaterais, as questões políticas que envolvem as negociações comerciais e econômicas são articuladas de forma independente.
O Brasil e a Turquia foram os países que votaram contra as sanções ao Irã no Conselho de Segurança das Nações Unidas, em junho. Doze países apoiaram as restrições, enquanto o Líbano se absteve da votação. Atualmente, o Irã sofre medidas restritivas do conselho, da União Europeia, do Canadá e dos Estados Unidos.
Em entrevista coletiva concedida hoje (3), o porta-voz do Ministério Exterior do Irã afirmou que: “O presidente [Luiz Inácio Lula] da Silva tem uma personalidade muito emotiva e humana, mas provavelmente não tem informação suficiente sobre o caso”.
Mehmanparast disse que Ashtiani "cometeu um crime", segundo a lei iraniana, e que o governo do Irã pode passar mais informações ao presidente Lula "para que ele entenda o caso". O porta-voz respondeu, durante uma entrevista coletiva, à pergunta de um jornalista que havia questionado se havia ou não interferência do presidente brasileiro nessa questão.
# JB
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