05/07/2010

PAPO 10 - SIMONE DUTRA (PSTU) - 05/07/10

PAPO 10

Entrevista: Simone Dutra

Candidata a governadora (PSTU)


01 - Quem é Simone Dutra?
S. D. - Sou enfermeira e dirigente sindical. Mulher, trabalhadora e socialista. Nasci em Campina Grande, na Paraíba. Desde o início dos anos 90 moro no Rio Grande do Norte e trabalho no Hospital Santa Catarina, na Zona Norte de Natal. Em São Gonçalo do Amarante, sou servidora municipal e dirijo o Núcleo do Sindsaúde. Minha vida política sempre foi ligada à luta dos trabalhadores e em defesa do socialismo, dirigindo e organizando greves por melhores condições de trabalho, salários e direitos. Além de lutar por um mundo livre da exploração.

02 - O que fez nossa conterrânea (Sou de Barra de Santa Rosa-PB) sair da terra de Ariano Suassuna e fincar raízes na terra de Câmara Cascudo?

S. D. - Bom, eu me formei em enfermagem na Paraíba e fiz especialização em saúde coletiva em João Pessoa. Depois fui trabalhar no Ceará até que passei em um concurso público no Rio Grande do Norte e vim morar aqui. O que me trouxe para o RN foi a busca por emprego, como acontece com boa parte dos trabalhadores brasileiros quando mudam de estado.

03 - Você é candidata do PSTU ao Governo do estado do RN. Quais os seus argumentos para merecer o voto dos Norteriograndenses em especial o povo de minha querida Ceará-Mirim?
S. D. - Nós queremos o voto dos trabalhadores e trabalhadoras e do povo pobre de Ceará-Mirim porque estamos apresentando um programa de governo socialista que atende as necessidades de nossa classe, e não os interesses dos grandes empresários e daqueles que sempre exploraram a população do RN. Sabemos que o mundo está dividido em classes, em ricos e pobres, em trabalhadores e patrões. Todos os governos até hoje governaram para garantir o lucro e a riqueza dos empresários, que a são a minoria, enquanto os trabalhadores e povo, que são a maioria que gera essa riqueza, vivem na miséria, sem casa, sem saúde, sem educação, com baixos salários, ou no desemprego. Todos os governos sempre disseram que governavam para todos, o que é uma mentira. Quem diz que governa para todos na verdade governa só para uma minoria de empresários, que são aqueles que financiam as campanhas desses partidos grandes. Nós, não. Nós queremos e acreditamos que é necessário e possível governar com e para os trabalhadores, garantindo emprego, salário, saúde, educação, moradia. E isso só é possível com um governo que não esteja a serviço daqueles que exploram o povo e os trabalhadores. É para esse projeto que nós queremos o voto do povo de Ceará-Mirim.


04 - Politicamente o PSTU é um partido radical?
S. D. - A imprensa em geral gosta de dizer que somos radicais com o objetivo sujar nossa imagem, dizendo que nossas propostas são impossíveis e sem sentido. Isso é uma grande mentira. A verdade é que apresentamos um programa de governo que pode realmente resolver os problemas dos trabalhadores da população pobre. Sabe por quê? Porque nós vamos até a raiz dos problemas, nós não mentimos para as pessoas. Ser radical é ir até a raiz do problema e apresentar uma solução para o povo. Vou dar um exemplo: todos os outros governos sempre falaram que iriam acabar com a miséria, com o desemprego etc. E por que não fizeram? Porque nunca tiveram a intenção de resolver esses problemas, porque nunca foram até a raiz. A miséria, o desemprego, a falta de saúde e educação não podem ser resolvidas sem atacar aqueles que exploram os trabalhadores e enriquecem através do trabalho dos outros. Isso eles não dizem para a população. Para nós ser radical é não mentir para os trabalhadores.


05 - Simone, o seu partido optou por um vice do seu quadro de filiados. Você acredita que chapa "puro sangue" renda votos?

S. D. - O PSTU não é um partido que usa os mesmos critérios dos outros partidos para fazer alianças. A maioria dos partidos escolhe suas chapas de candidatos em negociações por cargos, no toma lá dá cá, em jogos de interesses que nada têm a ver com as necessidades da população e dos trabalhadores. Esses partidos escolhem seus candidatos baseados no seguinte critério: “eu apoio você, mas o que eu ganho com isso?”. Nós, do PSTU, somos diferentes. Escolhemos para nos representar aqueles trabalhadores que sempre estiveram e estão na luta todos os dias em defesa dos direitos, dos salários, da saúde, da educação, da moradia digna. Nossos candidatos são pessoas que trabalham e lutam. E assim é o vice do PSTU. Fazemos alianças com aqueles que querem lutar pelos direitos dos trabalhadores e pelo fim da exploração, fazemos alianças com socialistas de verdade. Desde o ano passado víamos tentando compor novamente a Frente de Esquerda entre PSTU, PSOL e PCB. Essa frente seria para unificar a esquerda e os trabalhadores para lutar contra os candidatos dos empresários. Entretanto, ela não foi possível por alguns motivos. Primeiro, porque o PSOL preferiu procurar apoiar a candidata do PV, Marina Silva, algo que a principal figura do PSOL, Heloisa Helena, continua fazendo. Segundo, não houve acordo no programa a ser defendido. O PSOL não está disposto a defender um programa socialista, que ataque a exploração dos empresários sobre os trabalhadores e reverta os recursos públicos em beneficio da população. Além disso, o PSOL acha normal que um partido de trabalhadores receba dinheiro de empresas ou empresários, como já aconteceu com eles no Rio Grande do Sul. Nós achamos que isso é errado. Nós devemos nos manter independentes financeira e politicamente daqueles que nos exploram. Quem paga, manda. E nós não aceitamos ser mandados por quem explora. O dinheiro de nossa campanha virá dos próprios trabalhadores. Por estas razões, não foi possível a Frente de Esquerda.


06 - Fale-nos das suas experiências como candidata a vice-prefeita, vereadora e senadora, e diga-nos o que você assimilou de bom que poderá ser útil na sua tentativa de conquistar o palácio potengi?
S. D. - Participamos das eleições para mostrar aos trabalhadores que é possível viver com emprego, salário digno, saúde, educação, moradia, segurança. Participamos para mostrar que é preciso mudar radicalmente a realidade. Nós dizemos que não basta votar, é necessário também lutar muito para conseguir nossos direitos. As vezes que fui candidata me ajudaram muito a divulgar melhor para os trabalhadores como nós achamos que se pode mudar a vida, a mostrar os caminhos corretos da luta pelo socialismo. E assim será também dessa vez.


07 - Fale-nos um pouco do seu vice, José Mendes?
S. D. - José Mendes é professor em Currais Novos. É um trabalhador e um militante socialista dedicado. Começou sua luta ainda na juventude e desde então nunca se separou da causa dos trabalhadores. Escolhemos o José Mendes porque representa uma categoria de trabalhadores muito explorada e bastante corajosa na luta por seus direitos, que é a educação. Nada mais justo que um representante deste setor estivesse entre nós.


08 - Não podemos falar em eleição sem citar saúde, educação e segurança. O que o seu programa de Governo tem de bom para estas três áreas de grande importância na vida de um cidadão?
S. D. - Saúde é direito de todos e um dever do Estado! Defendemos um sistema de saúde público, estatal, gratuito e de qualidade para todos. É preciso dobrar as verbas para a saúde pública! Estas verbas devem vir de impostos sobre as grandes empresas, como um imposto sobre as grandes fortunas que essas empresas possuem. Somos contra a Lei de Responsabilidade Fiscal, que limita os investimentos nos serviços públicos e a expansão do funcionalismo, aumentando a terceirização e a privatização dos setores públicos. Defendemos, também, a luta por conselhos populares de saúde sob controle dos trabalhadores e a realização de concursos públicos, para impedir as terceirizações e a privatização das relações de trabalho, tanto nas formas de contratos, cooperativas, ONGs, etc. Redução da jornada de trabalho, com carga horária de no máximo 30 horas semanais, sem redução de salário para todos os trabalhadores do setor saúde, é outro ponto de nosso programa socialista. Além disso, defendemos um plano de obras públicas de grande impacto: saneamento, tratamento de esgoto e água de qualidade para toda a população, cujas verbas para este plano virão da suspensão do pagamento das dívidas externa e interna. Isso garantirá que nossos recursos sirvam para construir uma saúde pública, estatal e gratuita, sem desvios de dinheiro público para o setor privado. Algumas das medidas imediatas que propomos para a saúde do RN são: legalização e regulamentação do aborto; acesso universal a medicamentos e criação de laboratórios públicos de produção desses medicamentos. Hoje o que vemos é um crescente sucateamento da educação pública, que só serve aos empresários da educação. É preciso aumentar os investimentos em educação (10% do PIB do Estado) e valorizar os trabalhadores da educação pública (professores e funcionários). A construção de escolas que atendam a necessidade de estudo da população, a realização de concurso público para suprir a falta de profissionais e a redução do número de alunos por sala (no mínimo 20) também fazem parte do projeto socialista que defendemos para a educação. Tudo isso só é possível revertendo os recursos públicos, destinados atualmente para pagar os juros da dívida externa e interna aos banqueiros, para atender as necessidades da classe trabalhadora e da população pobre. A primeira coisa que precisa ser dita sobre a discussão de violência urbana é que se trata necessariamente de um problema cuja origem está em outros graves problemas sociais. Só existe a violência porque existem a miséria, o desemprego, a fome, a falta de um sistema de educação de qualidade e a ausência de perspectiva de futuro para nossa juventude. Todos os governos até hoje, inclusive o de Wilma de Faria e o de Iberê Ferreira, só fizeram aumentar a repressão como único caminho para se acabar com a violência. A política de mais polícia nas ruas só traz mais insegurança para a população pobre e os trabalhadores, que são os que mais sofrem com a violência. Além disso, a ação policial sempre é direcionada para as camadas pobres e negras do povo. Quem não se lembra da recente mega operação da polícia do governo Iberê em uma favela de Natal, que usou até helicóptero para prender três jovens negros inocentes? Outra coisa que precisa ser dita sobre a violência diz respeito ao tráfico de drogas. O responsável pelo crescimento do tráfico é o governo que, ao não garantir emprego, salário digno, educação e melhores condições vida e futuro, acaba empurrando a juventude pobre para o narcotráfico. A culpa não é do usuário, não é ele que mantém o tráfico. O usuário não é necessariamente um criminoso, é um doente, um viciado que precisa de tratamento, e não de grades. E todos os governos até agora não garantiram nem o tratamento e muito menos as condições necessárias para impedir a juventude pobre de se envolver com o tráfico e criminalidade. Para o PSTU, é preciso mudar radicalmente as condições de vida e trabalho da população e dos trabalhadores. Sem atacar a miséria e o desemprego, que são gerados pela exploração dos empresários, não é possível acabar com a violência. Além disso, é necessário substituir essa polícia que aí está, repleta de corrupção e a serviço da repressão dos pobres. Precisamos de uma única polícia que seja controlada pelos trabalhadores, eleita pela população, com direitos trabalhistas e sindicais. Defendemos a construção de uma polícia que defenda a classe trabalhadora, e não uma que a ataque e reprima.

09 - Qual a sua opinião sobre os seus principais adversários, Rosalba Ciarline, Carlos Eduardo e Iberê Ferreira?
S. D. - Governar para todos é uma farsa. Todos que disseram isso até hoje só governaram para quem detém o poder econômico. Prova disso é que o Rio Grande do Norte sempre foi governado pelas mesmas famílias. Os Maias, Rosados e Alves estão há vários anos explorando os trabalhadores do Estado, além de nunca terem resolvido os problemas da população. As candidaturas de Rosalba Ciarlini (DEM), Iberê Ferreira (PSB) e Carlos Eduardo (PDT) tem como objetivo continuar com esta situação. Rosalba é a candidata do Democratas, aqueles partido que quando se chamava PFL ajudou o Governo Fernando Henrique Cardoso a vender nossas estatais, a retirar nossos direitos e a destruir os serviços públicos, principalmente a saúde. Além disso, Rosalba faz parte de um partido atolado em corrupção, como mostrou o recente caso do ex-governador de Brasília, José Roberto Arruda. Iberê Ferreira é a continuação do desastre de Wilma de Faria. Em que avanço esse governo? Em que mudou a saúde, a educação, a situação do funcionalismo público? Em nada. Só para pior. No hospital em que trabalho muitas vezes falta material básico para tratamento. Iberê é a continuação de uma tragédia para os trabalhadores e a população pobre do RN. Carlos Eduardo não é diferente. O povo fez sua experiência com ele quando foi prefeito de Natal. Carlos Eduardo é parte de uma família que nunca largou o poder no RN. E resultado todos nós conhecemos.

10 - Este espaço está aberto para você mandar sua mensagem de candidata ao eleitor Norteriograndense.
S. D. - É possível alimentar nosso povo, educar a juventude, morar com dignidade. É possível evitar as crises do capitalismo, que sempre jogam os prejuízos da economia em cima dos trabalhadores, como vimos em 2008 e como veremos no próximo período se não lutarmos juntos contra os exploradores. Os problemas que atormentam os trabalhadores e o povo pobre do RN só poderão ser resolvidos por um governo que apresente um programa socialista, de rompimento com a forma de governar para os grandes empresários. Nós, do PSTU, defendemos um governo socialista de trabalhadores e para os trabalhadores, que são a maioria da população. Por isso, nestas eleições estamos apresentando candidaturas de lutadores e lutadoras de nossa classe. São companheiros e companheiras bastante conhecidos das greves, manifestações e lutas em geral. Estou colocando o meu nome e o do PSTU a serviço das lutas das pessoas por moradia, emprego, salário digno, educação e saúde. Um governo do PSTU será um governo daqueles que trabalham todos os dias, e não daqueles que nos exploram todos os dias.

3 comentários:

Anônimo disse...

Gostei Simone.

Anônimo disse...

gostei nao. ela disse que buscou aliança com o psol. o psol de carmélio. todos em ceara mirim sabe das ligações de carmelio com a "burguesia" como fala simone. e você ainda foi atrás desse partido?

Anônimo disse...

ser radical é sujar a imagem?????
interessante que simone fala que quer uma mudança radical, mas não quer ser radical. é já não tem mais a minha admiração pelo partido pois eu pensava que fosse o mais radical depois que o pt ta no governo.