Caro(a)s Amigo(a)s
Pedi a Ceicinha Cãmara, uma das maiores animadoras culturais da nossa terra - mesmo e sobretudo em terras portuguesas - para fazer indicações de cearamirinenses que se interessassem por sua terra e gostassem de cultura. Mais do que isso, que pudessem se comprometer com a preservação e a dinâmica da cultura do município.
Porque, todos vocês sabem, Ceará-Mirim, dentre todos os municípios do nosso estado, é aquele detém uma posição invejável como berço de algumas das maiores personalidades intelectuais da região nordeste e do Brasil.
Só para citar como exemplo, Rodolfo Garcia foi membro da Academia Brasileira de Letras e a sua importância para esta entidade foi reconhecida quando denominaram a biblioteca desse centro cultural com o seu nome. Jayme Adour da Câmara, em meados do século passado, foi um dos maiores jornalistas do país, havendo publicado um livro de impressões de viagens cujo título ainda hoje é lembrado quando alguém quer expressar a extensão do seu alcance geográfico "Oropa, França e Bahia".
Nilo Pereira, Edgar Barbosa, Maria Madalena Antunes Pereira, Juvenal Antunes e Adele de Oliveira, foram expoentes regionais de um tipo de cultura bem representativo da nossa cidade, a tal ponto que passou a ser considerada uma nova vertente literária conhecida como a "Escola de Ceará-Mirim", persistente até hoje, e que personaliza a nossa terra, dando-lhe um caráter único.
Persistimos, como dissemos no parágrafo anterior, pois contamos com um patrimônio ainda ativo e contemporâneo, com expressivos valores que prosseguem a tradição dos que fundaram essa escola, entretanto, com modernidade e estilo apropriado. Cito Bartolomeu Correia de Melo, Franklin Jorge, Lúcia Helena Pereira, Gibson Machado e, permitam-me a inclusão, Pedro Simões - neste último caso, menos pela pretensão de ser considerado no mesmo nível dos citados, mas de manter viva a temática cearamirinense no que ela tem de mais importante: uma linguagem, um cenário, uma motivação e a força criativa que se irradia das nossas raizes telúricas.
Pois bem. Queremos manter esse espirito. Mais, queremos enriquecê-lo com a contribuição dos mais jovens, como vocês. Pretendemos, Gibson Machado, Lúcia Helena, Bartolomeu e eu, com o apoio de personalidades importantes do nosso mundo literário, a exemplo do presidente da Academia de Letras do Rio Grande do Norte, Diógenes da Cunha Lima, dos escritores Sanderson Negreiros e Franklin Jorge, entre outros, estabelecer um "Laboratório de Criação Artística e Literária" para fomentar desde logo o surgimento de novos valores intelectuais. Além dessa iniciativa, queremos resgatar a memória da nossa cidade, menos por saudosismo e mais para dar razão ao ditado segundo o qual "Não tem futuro quem não tem passado". Vamos lutar para que as nossas expressões culturais sejam conhecidas e estudadas, através da distribuição de monografias, para que tenhamos orgulho da nossa herança e possamos explicar o porquê do nosso sentimento.
Também queremos estimular os artistas e escritores locais - pintores, escultores, músicos, atores, integrantes das manifestações da cultura popular, escritores, poetas, ensaístas e educadores - através de promoções e certames, e da divulgação dos seus talentos.
Oportunamente, à medida em que nos comunicarmos de modo mais interativo, vamos dizer como, onde, quando e porquê faremos essa movimentação
Mas, dizem que para andar cem léguas é necessário dar o primeiro passo, e este se inicia com a adesão de vocês a esse movimento - pacífico, mas revolucionário.
Sintam-se à vontade até mesmo para rejeitarem o nosso convite, mas aqueles que quiserem honrar-nos com a sua participação, que nos confirmem esta pretensão.
Vão mais além, opinem, sugiram, critiquem, manifestem-se.
Agradecemos a atenção e aguardamos com ansiedade a sua manifestação
Atenciosamente,
PEDRO SIMÕES,
Escritor, Professor de Direito aposentado, advogado, ex-pró-reitor de eXtensão da UFRN
em nome da comissão organizadora da ACLA - Academia Cearamirinense de Letras e Artes.
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