05/12/2020

'DÔÔÔÔCEE..... QUENNNTE!!!' (MANÉ DO GELÉ) - POR CARLOS SUPLA

DÔÔÔÔCEE...QUENNNTE!!! (Mané do gelé)


Nos ditos da história e dos historiadores das terras do Barão e de Barau, do ontem e do hoje, alguns se destacam pelos personagens folclóricos dos contos históricos e de estórias contadas por seus seguidores de suas gerações.

Histórias reais, que deixaria a escritora e memorialista Madalena Antunes com inspiração pra escrever muitos, além do seu único livro de memórias (OITEIRO- MEMÓRIAS DE UMA SINHA MOÇA).

Entre esses personagens, vem em memória da minha velha infância do Sr. Manuel Pereira dos Santos. O doce popular Mané do Gelé. O vendedor ambulante da iguaria geléia de coco. Que se tornou o seu ganha pão a mais de 50 anos, além de trabalhar em outros ramos. E até hoje, Mané, no alto dos seus 86 anos ainda faz o seu habitual "itinerário" pela cidade e litoral, a vender a saborosa e inigualável iguaria de coco.

HÔÔÔÔÔ...HEEEEIII !!!

E a criançada o imitava. Pelo menos era o que entendíamos o que Mané gritava. Era o seu grito de alerta. Seu slogan inconfundível. Que depois de algumas décadas virou o seu clichê de vendas. Mas, o seu famoso grito na verdade  não era mais e nada menos do que o próprio nome da iguaria: Doce quente(Dôôôôceee...quêêênntee !!!). Que depois, Mané adotou por apenas: Hôôôôô...Heeeeiii !!!

Que até hoje virou a sua marca.

Lá vem, ou lá vai ele. Diziam nas ruas. Com seu pequeno chapéu achatado pela toca de pano enrrolado e o famoso tabuleiro de dupla tampa. Que guarda a iguaria e uma pequena espátula que Mané usa para cortar o doce. E no seu ombro, um cavalete de madeira e papel. Depois começou a usar guardanapos, que serve para enrolar o doce.

De criança a idosos, todos saboreavam o doce quente de Mané. A criançada se babava quando Mané abria o tabuleiro e cortava a geléia. Ficava na torcida para que Mané cortasse além da conta. Mas, suas caprichosas mãos não deixava passar do limite. A não ser que o cliente pagasse a mais por isso. Mas, a meninada não ficava decepcionada. Saboreava e se lambusava a iguaria com muito prazer, que no final, comia até mesmo o papel errolado junto com o doce derretido. Afinal, celulose não faz mal a ninguém.

Vocês que pensam que os "Vijóias" e os "Eeeii...psiu...! de hoje não tiveram inspirações estão enganados. Inspiração não apenas na comunicação de vendas. Mas, inspiração de vida. De determinação, de trabalho, de luta pela sobrevivência. Desse paraibano de Olho D'água, que veio pra Parazinho, Baixa Verde(hoje João Câmara) e depois adotou Ceará Mirim como cidade do coração. Dizem que mãe é quem cria. Ceará Mirim adotou e criou Mané do Gelé, figura folclórica da nossa terra. E seu bordão permanecerá na memória de todos que o viram passar  pelas ruas da cidade.

Lá vem ele...

DÔÔÔÔCEE...QUEEENNTEE !!!

Tenho dito.

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