Delegada detalha esquema milionário em fraudes no setor de panificação em Natal
A Operação Sócio de Papel, deflagrada nesta terça-feira (27) pela Polícia Civil, resultou no cumprimento de mandados de busca e apreensão e na decretação judicial de sequestro de bens até o limite de R$ 4,8 milhões, valor correspondente ao prejuízo estimado aos cofres públicos em um esquema de fraudes fiscais no setor de panificação em Natal. A delegada Jaqueline Almeida, da Delegacia Especializada na Investigação de Crimes Contra a Ordem Tributária (Deicot), detalhou o caso e informou que o principal investigado se utilizava de pessoas próximas, incluindo familiares e ex-funcionários, como “laranjas” enquanto mantinha a gestão e os lucros do negócio.
“Durante as investigações, foi identificado que esse empresário tinha por hábito, sempre que as empresa dele iriam acumular altíssimos valores em débito tributário, substituir o quadro societário da empresa por pessoas ligadas a ele. Notadamente, parentes ou ex-funcionários e até pessoas de confiança”, explicou a delegada Jaqueline Almeida.
Durante as diligências, foram apreendidos dois veículos de luxo (Toyota SW4 e Audi), uma motocicleta, R$ 38.665 em espécie, US$ 1.900 (dólares americanos), aproximadamente 20 relógios de luxo das marcas Rolex e Michael Kors, diversas joias, notebooks, celulares e farta documentação.
A investigação teve início a partir de uma representação fiscal para fins penais encaminhada pela Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz/RN), que também participou da operação desta terça, após constatação de irregularidades fiscais que somam aproximadamente R$ 5 milhões. Segundo apurado, após decisão definitiva em processo administrativo, o principal investigado promoveu alterações societárias fraudulentas para se desvincular formalmente da empresa autuada. As cotas foram transferidas a um ex-funcionário sem qualquer poder de gestão, caracterizando a prática de inserção de “sócios de papel” para encobrir o verdadeiro comando da empresa.
O inquérito revelou ainda que o grupo familiar envolvido abriu novas empresas com nomes fantasia associados ao sobrenome do líder do esquema, utilizando familiares e pessoas de confiança como sócios formais. Apesar dessas alterações, a gestão e os lucros continuavam sob controle do verdadeiro proprietário, demonstrando um elaborado esquema de fraude com fins de evasão fiscal e blindagem patrimonial.
O nome da operação faz referência à principal tática utilizada pelos investigados: o uso de “laranjas” como sócios no papel, enquanto a administração e os benefícios permaneciam ocultos nas mãos do real controlador, frustrando a atuação dos órgãos de controle e a cobrança de tributos devidos.
A Polícia Civil do Rio Grande do Norte reforça o compromisso com o enfrentamento aos crimes contra a ordem tributária e solicita que informações adicionais possam ser repassadas, de forma anônima, por meio do Disque Denúncia 181.
TN
Nenhum comentário:
Postar um comentário