Lupi deixa Ministério da Previdência após desgaste por crise no INSS
O ministro da Previdência, Carlos Lupi, deixou o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta sexta-feira, nove dias após uma operação da Polícia Federal (PF) e da Controladoria-Geral da União (CGU) revelar um esquema bilionário de desvios em aposentadorias e pensões do INSS (leia mais sobre as investigações abaixo).
Apesar das investigações não citarem Lupi, ele estava desgastado pelas revelações. O entendimento de integrantes do Palácio do Planalto foi que prevaleceu uma ideia segundo a qual ele não tomou providências para estancar os descontos. As apurações revelaram também uma demora nas ações do governo sobre o tema, mesmo após diversos alertas.
Lupi ainda perdeu o direito de indicar o chefe do INSS. Coube ao presidente Lula escolher Gilberto Waller Júnior, que ingressou no INSS como procurador em 1988 e já foi corregedor-geral do órgão. O ministro havia indicado Alessandro Stefanutto em 2019, demitido pelo presidente da República após a operação.
Nesta semana, a oposição na Câmara reuniu as assinaturas necessárias para abrir uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar o caso.
Relação com PDT
Lupi é um aliado histórico de Lula e chefe licenciado do PDT, que apoiou o presidente no segundo turno das eleições de 2022. Um dos motivos que vinha fazendo o governo evitar a demissão é justamente a sigla ter alta fidelidade na base do governo no Congresso, diante do risco da relação estremecer. Lupi comanda o partido desde a morte de seu padrinho político e fundador da legenda, Leonel Brizola.
O PDT possui uma bancada de 17 deputados na Câmara. No Planalto havia um receio de que a demissão de Lupi poderia fazer com que a legenda deixasse a base do governo e complicasse ainda mais a situação do governo Lula no Legislativo, que não é boa.
Nesta semana, o líder do PDT na Câmara, Mário Heringer (MG), chegou a dizer que que se Lupi fosse demitido, o partido sairia da base do governo. O governo já enfrenta turbulência no Congresso desde o início deste mandato de Lula por causa da hegemonia dos partidos de centro-direita.
Um outro fator que vinha justificando a permanência de Lupi é a eleição de 2026. O PDT abriga Ciro Gomes (CE), candidato à Presidência em 2022. A avaliação é que, se o ministro ficasse no cargo, mas chances de Ciro concorrer no ano que vem eram baixas.
Publicamente, auxiliares de Lula procuram descartar a preocupação com eventuais consequências políticas de eventual demissão de Lupi e frisam que não há nada nas investigações até o momento que aponte o envolvimento do titular da pasta com irregularidades.
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