10/05/2025

CRISE NO INSS: REAÇÃO DA TROPA DE CHOQUE DA 'PETEIADA' SÓ ATINGE 4% DO ALCANCE DO VÍDEO DE NIKOLAS

Com oito escalados, reação da ‘tropa de choque’ de Lula atinge apenas 4% do alcance de vídeo de Nikolas

A resposta da “tropa de choque” do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à crise do INSS não conseguiu, mais uma vez, superar ou mesmo se igualar, nas redes sociais, ao alcance de um vídeo com críticas à gestão feito pelo deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG). Os principais aliados do presidente convocados para rebater o discurso do bolsonarista somaram, juntos, 5,5 milhões de visualizações, número que representa apenas 4,1% da audiência do parlamentar de oposição. O desempenho reforça as dificuldades enfrentadas pelo campo político de Lula no embate com o bolsonarismo nas plataformas digitais.

Repetindo o formato usado durante a crise do Pix, Nikolas compartilhou, na última terça-feira, um vídeo em que associou um esquema de descontos não autorizados em benefícios previdenciários pagos pelo INSS, alvo de investigação, ao mandato de Lula. Na gravação, o deputado se referiu ao caso como “o maior escândalo da história” e destacou que a maior parte das denúncias de descontos irregulares aconteceu durante o atual governo, citando um relatório emitido pela Controladoria-Geral da União (CGU).

Dois depois, o ministro que comanda o órgão, Vinicius Carvalho, respondeu em vídeo às alegações feitas por Nikolas. O conteúdo faz parte da estratégia combinada em uma reunião no Palácio do Planalto esta semana para conter o avanço da narrativa difundida pela oposição sobre a crise das aposentadorias, como informou a colunista do GLOBO Malu Gaspar.

‘Medo e mentira’

No pronunciamento, o titular da CGU afirmou que as investigações tiveram início em 2017 e destacou que foram encontrados, por uma iniciativa conjunta entre o órgão e a PF, R$ 6 bilhões em fraudes, enquanto os R$ 90 bilhões publicizados pela oposição bolsonaristas são referentes ao total de consignados liberados para beneficiários do INSS em 2023. A publicação, replicada no perfil pessoal do ministro e pela conta oficial da pasta, porém, teve 965,6 mil visualizações até ontem.

“Não é hora de espalhar medo ou mentira. É grave, muito grave, usar as mentiras ou truques de contexto para enganar o povo, para politizar um tema tão relevante para o país, que é o combate à corrupção”, rebateu Carvalho.

A antecipação da crise, agravada pela reação bolsonarista, poderia ter sido mais eficiente caso o governo tivesse maior domínio da estratégia digital, afirma o diretor da Escola de Comunicação da FGV, Marco Aurélio Ruediger:

“O governo tem tido uma perspectiva limitada do uso estratégico das redes. Em geral, elas só são percebidas como um espaço de construção de narrativas e disputa política. Todavia, podem ajudar a apontar com antecedência problemas na gestão ou crises potenciais antes que se formem. Sem isso, quando problemas como esse ocorrem, eles são tratados reativamente.”

Pensada para a defesa do governo, a tropa de choque também é formada pelo líder do PT na Câmara, o deputado Lindbergh Farias (RJ), que postou um vídeo no qual atribui o início das fraudes à gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro. O mesmo discurso foi adotado por outros integrantes da base, como o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), demitido no início do ano da Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom), e a ministra Gleisi Hoffmann, da Secretaria de Relações Institucionais, que enumerou no X “mentiras que a oposição bolsonarista está espalhando nas redes”, em uma postagem vista 203,6 mil vezes até ontem.

Entre os aliados de Lula, a melhor performance foi a do deputado André Janones (Avante-MG), que se antecipou à mensagem de Nikolas e fez uma publicação no dia seguinte à revelação do esquema por uma operação da PF. Ao todo, o conteúdo somou 3,7 milhões de visualizações.

O Globo

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