26/02/2025

VAI COMEÇAR O 'DESMANCHE' NO GOVERNO(!?)

Ida de Padilha para o Ministério da Saúde escancara disputa entre PT e Centrão para comandar a articulação política

Com a confirmação do governo de que Alexandre Padilha sairá do Ministério das Relações Institucionais para comandar a pasta da Saúde, PT e partidos do Centrão começaram uma disputa para indicar o novo nome que fará a articulação política com o Congresso. A expectativa é que uma definição sobre o substituto de Padilha só aconteça no começo de março, após o carnaval.

Siglas aliadas do Planalto veem como mais provável o cenário em que um petista assuma o cargo, sendo os nomes do líder do governo na Câmara, José Guimarães, do líder no Senado, Jaques Wagner; e da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, como os mais cotados para a função. Do grupo de legendas que faz parte da base, um dos nomes mais citados é o líder do MDB, Isnaldo Bulhões Jr. (AL).

Integrantes do Centrão, inclusive com assento na Esplanada, têm falado junto ao governo que é importante reduzir o espaço do PT nos cargos que envolvem a articulação. O partido já comanda a Casa Civil e tem as lideranças do governo na Câmara, no Senado e no Congresso.

Há, porém, um entendimento de que para comandar a pasta de articulação política é preciso um afinamento com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para poder ser levado a sério pelo governo e consequentemente não ficar na condição de ser desautorizado por outros ministros. Levando isso em consideração, o PT leva vantagem na corrida para o cargo.

Mesmo entre parte dos dirigentes de partidos do Centrão, há o reconhecimento de que o cargo não é ideal para se fortalecer politicamente. Há a avaliação de que o ministro da SRI funciona como uma espécie de “garçom”, que sempre leva a culpa quando o pedido vem errado, mesmo quando isso seja atribuição do cozinheiro.

Preferência de quem sai

O próprio Padilha, que agora sai da SRI, mas é de um grupo político diferente de Gleisi e Guimarães dentro do PT, já disse a aliados que veria com bons olhos que seu substituto fosse de um partido aliado. A interlocutores, o futuro ministro da Saúde chegou a apontar os nomes do ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, do Republicanos, e do líder do PSD na Câmara, Antonio Brito (BA), como opções para a SRI.

A escolha de Costa Filho, no entanto, é vista como improvável e ele e o partido têm negado a possibilidade de isso acontecer. Dirigentes do Republicanos dizem que assumir a SRI seria ruim politicamente para Costa Filho. Para ilustrar esse ponto, foi citado o exemplo de Flávia Arruda, que era deputada pelo PL do Distrito Federal e virou ministra da Secretaria de Governo de Jair Bolsonaro. Ao sair do cargo de ministra, ela tentou ser vice-presidente da Câmara e se candidatou ao Senado, mas perdeu as duas disputas.

A interlocutores, Silvio Costa Filho, ainda que não deseje assumir a SRI, tem defendido que um partido que não o PT assuma a função. Ele já a indicou a aliados a preferência pelos nomes de Brito e de Isnaldo. Pesa a favor de Isnaldo a proximidade com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), mas o emedebista é visto como alguém sem uma relação pessoal próxima com Lula.

Na semana passada, Padilha chegou a falar para o líder do PSD que gostaria de ter ele como colega de Esplanada. Na época, Brito não tinha sido ainda avisado por Padilha que ele iria substituir Nísia Trindade na Saúde.

O Globo

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