11/12/2024

PROJETO DE FÁTIMA QUE AUMENTA ICMS NO RN TERÁ VOTO CONTRÁRIO DO RELATOR

Relator apresentará voto contra aumento de ICMS no RN

Relator do projeto do governo Fátima Bezerra (PT), que majora de 18% para 20% a alíquota modal de ICMS no Rio Grande do Norte, o deputado estadual José Dias (PL) não tinha concluído – até o começo da noite da terça-feira (10 -) seu relatório a ser lido na reunião da Comissão de Finanças e Fiscalização (CFF) da Assembleia Legislativa, na manhã desta quarta-feira (11), mas antecipou que o seu parecer será contra a aprovação do aumento da carga tributária para os consumidores do Estado.

“É a única coisa que eu posso dizer, mas o voto é contra, porque ainda não terminei o relatório”, confirmou José Dias, que faz parte da bancada de oposição ao governo, a qual é maioria na CFF, razão pela qual acha que o seu parecer será acompanhado pelos outros deputados – o presidente e vice da Comissão, Tomba Farias e Coronel Azevedo (PL), Luiz Eduardo (Solidariedade) e Nelter Queiroz (PSDB).

A bancada da situação é minoria, representada pelos deputados Neilton Diógenes (PP) e o líder do governo, Francisco Diógenes.

Para José Dias o governo “vai estrebuchar, não sei o que vai fazer, não se conforma, mas pode fazer tudo o que é possível” para reverter uma situação que lhe foi desfavorável em dezembro do ano passado, quando a Assembleia manteve a alíquota do ICMS em 18%.

O deputado estadual Luiz Eduardo disse que deve ocorrer, em caso de votação contrária ao projeto de elevação do ICMS em 2%, o mesmo procedimento adotado no ano passado pela situação, “é preciso que os deputados governistas entrem com recurso, para que esse recurso venha para o plenário, e em caso de sua aprovação, volta para o plenário votar o mérito do projeto”.

Segundo Luiz Eduardo, na hipótese do recurso da situação não passar em plenário no dia 17, “morre o projeto novamente o projeto de aumento do ICMS”.

Luiz Eduardo confirmou que não podia adiantar, porque não teve acesso ao relatório, mas se José Dias relatar contra o aumento do ICMS, “acompanharemos o voto contra”.

A respeito de declarações do deputado estadual Francisco do PT, de que o governo já conta com 13 votos favoráveis à aprovação do aumento impostos, Luiz Eduardo disse que o Executivo “vai ter de apresentar esses votos, a gente não conseguiu contar esses votos”. O deputado do SDD continua considerando “um absurdo” a proposta de aumento de ICMS, porque “este mês o governo arrecadou mais de R$ 140 milhões de ICMS”.

“A gente vem falando ao longo do ano, o governo tem batido recordes e mais recordes de arrecadação no ICMS com a líquida de 18%. Ou seja, está arrecadando a mais do que em 2023, onde a alíquota a partir de maio era de 20%”, continuou Luiz Eduardo, para quem o governo “precisa ter sensibilidade” para buscar outras fontes de recursos, como na securitização dos impostos inscritos na dívida ativa, na venda de ativos da Caern e corte de gastos públicos para que o Estado “tenha uma recuperação fiscal e volte para os trilhos do crescimento”.

Orçamento

O deputado Luiz Eduardo também informou que na reunião desta quarta-feira (11), na CFF, deve ler o relatório sobre o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2025, com estimativa de receita de R$ 23 bilhões.

Luiz Eduardo explicou que todos os 24 deputados estaduais encaminharam propostas de emendas parlamentares até o dia 6, como estava previsto. “As emendas estão todas no sistema eletrônico da Assembleia, vamos apresentar a nossa relatoria da Lei Orçamentária para que ela venha para a plenária e seja votada dia 18”, avisou.

Segundo Luiz Eduardo, cada deputado terá direita a R$ 4,67 milhões em emendas, no caso da alíquota do ICMS permanecer em 20%, como está no texto original da LOA. “O aumento de imposto não passar, o governo vai ter que fazer contingenciamento no orçamento, porque não vai ter lei para amparar gasto no orçamento de 20%”.

Estado perdeu empréstimo com Banco Mundial

O deputado Gustavo Carvalho (PSDB) informou, no plenário da Assembleia Legislativa, que no contraponto da proposta do governo de aumentar o ICMS em 2%, a arrecadação do imposto bateu recorde em novembro deste ano, chegando a R$ 728 milhões, sendo R$ 200 milhões a mais em relação ao mesmo período do ano passado, quando a receita de ICMS chegou a R$ 528 milhões, “sem colocarmos a inflação”.

Em contrapartida, Gustavo Carvalho aponta o desequilíbrio das contas públicas do Estado, porque a nota do CAPAG, que indica a capacidade de endividamento do Rio Grande do Norte pelo Tesouro Nacional, é “C” e “só não estamos com a “D”, porque o nosso Estado tem, ainda, um bom percentual de endividamento”.

Carvalho disse que a nota C “já nos tira o recebimento do Programa de Equilíbrio Fiscal (PEF), vamos perder agora R$ 800 milhões, porque o Estado não fez um reequilíbrio fiscal”.

Segundo Carvalho, hoje a maior despesa com pessoal do Brasil é do Rio Grande do Norte, razão pela qual Estado também teve negado um empréstimo, agora em 22 de novembro Banco Mundial: “O governo do Estado não divulgou isso. O empréstimo era de 180 milhões de dólares, ou seja R$ 1 bilhão. O Estado deu entrada e o Banco Mundial arquivou, com o parecer pelo Estado não estar no Programa de Equilíbrio Fiscal”.

Para Carvalho, o Estado vai enfrentar mais dificuldades financeiras e dificilmente conseguirá sair do buraco fiscal em que se encontra, “se nós continuarmos com esses aumentos, com essas matérias que estão chegando aqui, o Estado vai precisar no próximo ano ter R$ 2,2 a mais no seu caixa para cumprir esse compromisso.

Gustavo disse que nesse patamar, o ICMS de 20% como quer o governo representa uma receita a mais de R$ 400 milhões. “Onde é que nós vamos buscar o resto?”, questionou .

TN

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