Prova? Para que prova?
As suposições oficiais da polícia e do ministro Alexandre de Moraes sobre as alegadas tentativas, ou intenções, ou conversas, ou planos, ou desejos, ou pensamentos etc. etc. de um golpe de Estado que seria dado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro já são um dos grandes clássicos do almanaque mundial das investigações criminais. As investigações provaram um fato indiscutível. Nunca houve a mais remota possiblidade de que ele, ou qualquer outro ser vivo, tenha organizado o que se entende como um “golpe de Estado” — de acordo com o dicionário da língua portuguesa e a lógica mais elementar. Ficou provado, aliás, o exato contrário: o suspeito disse que não queria nem iria fazer nada de parecido. Mas os acusadores, e quase toda a mídia, chegaram à conclusão oposta: a culpa é dele. Se não deu o golpe, tentou dar. Se não tentou, quis tentar. Se não quis, pensou em querer. Enfim, pode não ter acontecido realmente nada, mas o ex-presidente e a sua turma mais próxima gostariam que acontecesse — pelo que deram a entender conversando entre si pelo WhatsApp, ou mesmo em reuniões “presenciais”.
A adesão de quase toda a imprensa à teoria do ministro Moraes sobre o que chamam de “golpe do Bolsonaro” se faz em cima de algo que está virando o “novo normal” no Brasil — a lógica que leva a conclusões ilógicas. Funciona assim: “Vamos demonstrar na reportagem abaixo, por A + B, o que está acontecendo. A: estamos no mês de fevereiro. B: o mês de fevereiro vem imediatamente antes do mês de março. Conclusão: o mês que vem é abril”. É esse, basicamente, o jornalismo que foi apresentado no caso. As matérias se dispunham a provar, fato por fato, que Bolsonaro tentou, quis, pensou etc. no golpe. Daí expõem, fato por fato, o que aconteceu — e cada fato, sem exceção, mostra que a única coisa que o ex-presidente não fez, em suas meditações sobre o assunto no segundo semestre de 2022, foi pedir a ajuda de alguém para um golpe. A obra-prima da investigação é uma reunião secreta do ministério — só que a reunião foi filmada, gravada e fotografada, e nela Bolsonaro só falou de coisas que já tinha falado antes em público. A mais agressiva de todas, e que ocupou a maior parte da reunião, foram as suas conhecidíssimas suspeitas sobre as urnas eletrônicas do TSE.
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