Atrasos em premiação, parte do 13º e salário geram expectativa
O América está fechando a temporada com atraso na última folha de pagamento e sem pagar a premiação pelos títulos da Série D do Brasileiro de 2022 e do Estadual 2023 e uma parcela do 13º salário aos funcionários que integraram a comissão técnica da equipe. Um clima de incertezas passou a pairar sobre o grupo depois que a diretoria comunicou a todos os seus colaboradores que seriam desligados do clube devido a necessidade da readequação da situação trabalhista do quadro funcional ligado diretamente ao futebol, que agora está sendo gerido pela Hipe.
De acordo com o comunicado realizado ao corpo de funcionários lotados no CT de Parnamirim e na Arena América, embora o processo de transição do clube associativo para o clube empresa tenha iniciado, de fato, apenas em 2023, caberá ao novo responsável pela área de futebol quitar não apenas os salários, como também pagar as premiações que se encontram em atraso.
Os grupos estão sendo convocados para negociação das contas e o clima de incerteza cresce, principalmente, entre os funcionários que servem ao América há mais de dez anos. Existe a expectativa pela assinatura do novo vínculo com o futebol alvirrubro e ao mesmo tempo um certo temor em relação ao desemprego. A promessa feita aos trabalhadores é que todas as contas serão acertadas entre os dias 15 e 20 de setembro. Os responsáveis pelas negociações, informam que os pagamento serão realizados com todas as obrigações que se encontram em aberto (salários e premiações).
O Vice-presidente administrativo do América, Victor Nazareno, ressaltou que o processo registrado no clube é perfeitamente normal e que, no mundo do futebol, depois de um ano onde as coisas não ocorreram dentro do planejado, sempre existe algum tipo de reformulação.
“Tudo que vem sendo realizado ou discutido está sendo tratado com bastante cuidado para que não haja prejuízo aos funcionários. A intenção não é atirar ninguém na rua da amargura. Só que agora o América passou a ser gerido de uma forma empresarial e caberá ao controlador do futebol definir quem se enquadra e aquele que não se enquadra dentro da visão da nova empresa. A SAF está promovendo a reformulação que acredita ser pertinente, não há nada de conflito”, ressaltou Nazareno.
Embora apresentado como um processo normal, essa é a primeira vez na história alvirrubra que existe a sinalização de uma modificação tão profunda. Os vigias, por sua vez, vivem sob uma espécie de conflito porque ainda não sabem qual será o futuro reservado para eles. Há relatos de que com as modificações promovidas no CT e na Arena América, a SAF irá contratar um grupo de vigilância para garantir a segurança da área.
As cozinheiras, que estão em período de férias coletivas, aguardam pelo dia do pagamento e procuram acompanhar de casa o desenrolar dessa espécie de “metamorfose” no futebol americano. Elas esperam que os novos ventos não atinjam o setor, onde estão em atividade algumas das funcionárias mais antigas do clube.
Todo trabalho de negociação vem sendo conduzido de forma conjunta entre o presidente americano Souza e os representantes da Hipe. Desde que o processo de transição foi iniciado, o clima de incerteza e insegurança baixou sobre o ambiente de trabalho. As informações passaram a circular apenas em pequenos grupos.
Entre o grupo de trabalhadores, que confessa ter sentido receio com a implementação da nova ordem, há quem aponte o clima de insegurança como o principal culpado pelo time não ter conseguido render bem dentro do Brasileirão. Com essa pressão oculta sob os ombros, boa parte do grupo de atletas não conseguiu superar a situação e, por consequência, apresentou uma queda vertiginosa de rendimento.
“Realmente eu não entendo o motivo de todo esse movimento. Vivemos numa democracia e ver a opinião contrária é bastante salutar. Mas querer fazer um cavalo de batalha em torno dessa situação é apelar demais. As reformulações no futebol sempre ocorreram, a SAF possui critérios de observações próprios e vai definir com quem deseja firmar um novo contrato. A visão do futebol atual é empresarial em qualquer parte, o modelo de futebol associativo já esgotou. A SAF não está cometendo nenhum ato de irresponsabilidade, muito pelo contrário, vem buscando apresentar um profundo respeito com todos os funcionários. Daqui por diante, os contratos de trabalho dentro do futebol terão de ser assinados direto com a SAF”, explicou Victor Nazareno, que apesar do início conturbado, prevê dias melhores para o América e também para o ABC, que está preparando o caminho para se transformar em empresa também.
TN
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